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Bancada do PFL pode reagir a orientação a voto

Por Agencia Estado
Atualização:

Haverá reação das bancadas do PFL na Câmara e no Senado caso a direção nacional do partido imponha, de cima para baixo, o fechamento de questão contrário ou a favor dos projetos do Poder Executivo. A radicalização foi decidida durante reunião da Executiva nacional do partido, na quinta-feira. "Se for adotada uma medida autoritária, o partido não a aceitará", disse o deputado Marcos Cintra (SP), vice-líder do PFL. O deputado disse que a medida tomada pelo partido é correta, mas toda decisão terá de passar por amplo processo de discussão com as bancadas. "Se vier de cima para baixo será um erro", disse ainda o deputado Marcos Cintra. Para ele, o partido deverá fechar questão naquilo que diga respeito ao programa e à doutrina partidária. Quando estes dois casos não estiverem envolvidos, ele acha que não pode haver uma decisão fechada. "Seria castrador", afirmou. Para Marcos Cintra, desde que as decisões de um partido sejam democráticas, não há problema algum quanto ao fechamento de questão e punição para aqueles que desobedecerem a ordem. Ele acha até que não seria necessário que a Executiva comandasse o processo de decisão. "Isso é estatutário". Ele pede ainda que a decisão seja mantida para sempre e não só em momento de crise como a que o partido está vivendo. Marcos Cintra tem objeções quanto a determinadas decisões da direção do PFL. Por exemplo: o partido trabalha para aprovar um projeto de decreto legislativo que anule a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que vinculou as coligações estaduais à nacional. Para a cúpula do partido, o TSE está a serviço do candidato tucano José Serra e por isso fez a vinculação. Marcos Cintra, ao contrário, considera a decisão salutar. "Acho que a verticalização é correta porque dá nitidez aos partidos". A data é que foi errada, disse ainda o deputado. O grupo de parlamentares que segue a linha de raciocínio de Marcos Cintra é grande e a direção do partido sabe disso. Mas, para alguns dirigentes pefelistas, como o deputado José Carlos Aleluia (BA), eles terão de se acostumar com os novos hábitos do PFL. Segundo ele, é uma questão de sobrevivência do partido. Além do mais, disse Aleluia, o fechamento de questão poderá até proteger os parlamentares muito próximos ao governo, como os ligados ao vice-presidente Marco Maciel ou que exerciam funções de confiança no governo, a exemplo do ex-líder do governo no Congresso, deputado Heráclito Fortes (PI). "Se tiverem de dar um voto que desagrade o governo, poderão dizer que estão obedecendo a uma imposição partidária", disse Aleluia. O PFL já fechou questão em dois assuntos de interesse do governo: votará contra o aumento do imposto para as empresas prestadoras de serviço, quando estiver em apreciação a medida provisória que corrige em 17,5% a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), e pela ampliação da faixa de consumidores de energia elétrica isentos do aumento destinado a compensar o prejuízo que as distribuidoras tiveram com o racionamento.

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