Balanço da CPT indica queda de 46% no número de conflitos no campo

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Por Roldão Arruda
Atualização:

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou ontem um balanço preliminar sobre o número de conflitos na zona rural no primeiro semestre deste ano. Eles indicam queda de 46% em relação ao mesmo período do ano passado. Enquanto no primeiro semestre de 2008 foram registrados 678 conflitos, com o envolvimento de 301.234 pessoas, no mesmo período deste ano houve 366, nos quais se envolveram 193.174 pessoas.Ao falar de conflitos, a CPT engloba desde ocupações de propriedades rurais a assassinatos - envolvendo disputas por terra e por água e questões trabalhistas.Segundo o relatório, embora tenha caído o número de conflitos, a violência se intensificou. De janeiro a junho foram 12 assassinatos, 44 tentativas de assassinato e 22 ameaças de morte. Em igual período de 2008 houve 13 assassinatos, mas um conjunto menor de conflitos.O centro das disputas ainda é a propriedade da terra. Dos 366 conflitos do relatório, 246 estão relacionados a essa questão. O texto de apresentação dos números também destaca que a média de pessoas envolvidas nos conflitos aumentou. Em 2008, a média era 445 pessoas. Neste ano subiu para 528.A tese da CPT é que os conflitos diminuíram, mas se tornaram mais violentos.As explicações para a queda nos conflitos são contraditórias. No governo, a tendência é afirmar que diminuíram porque o presidente Lula deu mais atenção às reivindicações dos sem-terra. Entre os sem-terra, fala-se o oposto: caíram porque o governo não dá atenção a suas reivindicações. Sem esperanças, muitos sem-terra teriam deixado os acampamentos e as ações de ocupação de terras.O registro de ocupações caiu de 187, em 2008, para 102, em 2009. O número de novos acampamentos baixou de 27 para 22. E o número médio de ocupações passou de 106 para 99.Entre estudiosos da questão agrária, comenta-se que o programa Bolsa-Família seria uma das causas do esvaziamento dos acampamentos. O MST discorda dessa tese.

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