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Babá também se diz magoado com o PT

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Por Agencia Estado
Atualização:

Um dia após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se dizer "magoado" com radicais petistas ameaçados de expulsão do partido, um dos integrantes do grupo, o deputado federal João Batista, o Babá (PT-PA), afirmou que eles poderiam dizer o mesmo em relação ao presidente. Ele declarou que o PT os levou à comissão de ética "por delito de opinião" - por se oporem à reforma da Previdência - e reclamou que Lula o comparou ao deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), peemedebista contrário ao governo. "Uma brincadeira de profundo mau gosto", protestou. "Mágoa por mágoa, também temos motivos para ter." O motivo do ressentimento de Lula, confidenciado ao deputado federal Luís Eduardo Greenhalgh (PT-SP), foi a divulgação de uma fita de vídeo de 1987, na qual o hoje presidente criticava mudanças que agora defende e chamava indiretamente o então presidente José Sarney, hoje presidente do Senado e aliado de Lula, indiretamente, de "ladrão". O governo acusa pela divulgação os deputados João Fontes (PT-SE) e Luciana Genro (PT-RS). Já a piada que irritou Babá foi feita pelo presidente durante encontro com a bancada do partido: Lula perguntou se os peemedebistas não receberiam Babá em troca de Geddel. "No fundo, isso tem uma razão, Lula quer o voto do Geddel de qualquer jeito", disse o deputado, que participou de um debate sobre reforma da Previdência, na Universidade Federal Fluminense, em Niterói (região metropolitana do Rio). Ele afirmou que Fontes isentou Luciana Genro de responsabilidades pela divulgação da fita. Declarou, porém, aprová-la. "Não temos por que temer documentos históricos", afirmou. "A fita foi para mostrar que estamos sendo levados à comissão de ética por algo que Lula dizia não só em 1987, mas até o ano passado, como a posição de não cobrar contribuição dos inativos." Babá afirmou ainda não foi comunicado oficialmente da decisão do PT de adiar a primeira audiência da comissão de ética de amanhã para os dias 28 e 29. Disse, porém, que se o adiamento servir para manter a proposta de reforma da Previdência como está, nada muda. Ele declarou não saber os motivos reais da alteração de datas, mas afirmou que muitas personalidades de prestígio no PT, como Plínio de Arruda Sampaio, Emir Sader e Reinaldo Gonçalves, vão depor em defesa dos radicais. O parlamentar também destacou que muitos artigos contra a punição têm saído na imprensa. O parlamentar responsabilizou a Casa Civil, comandada pelo ministro José Dirceu, pela retirada da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara de deputados contrários à admissibilidade das reformas. "Há uma blitzkrieg dentro da CCJ para afastar todos os parlamentares contrários", afirmou, referindo-se à técnica de guerra rápida, pela grande concentração de recursos militares materiais e humanos, usada pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial. "O governo, ao fazer isso, sinaliza que não quer nenhuma mudança na reforma." Além do debate na UFF, Babá pretendia participar de um ato na Câmara Municipal do Rio contra as reformas, também promovido por entidades de servidores públicos.

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