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Ayres atua no STF para abafar crise entre Lula e Mendes

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Por MARIÂNGELA GALLUCCI
Atualização:

Com palavras conciliadoras e um encontro na residência do ministro Gilmar Mendes, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto, atuou como bombeiro para abafar a crise que colocou a Corte em rota de colisão com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na noite de terça-feira, horas depois de ter se encontrado com a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto, o presidente do Supremo foi à casa de Gilmar Mendes. "Não fui lá para me solidarizar ou recriminar. Fui conversar com ele", disse nesta quarta-feira Britto."Foi uma iniciativa minha. Trocamos umas ideias", acrescentou o presidente do Supremo. "Ele (Mendes) estava razoavelmente bem."A reunião ocorreu após a posse do ministro José Antonio Dias Toffoli no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e depois de uma cerimônia na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Esperado na solenidade do TSE, Gilmar Mendes não apareceu. Horas antes, em entrevista coletiva a jornalistas, Mendes tinha feito várias acusações a Lula e a pessoas que, na opinião do ministro, tentam atrapalhar o julgamento do mensalão ao espalharem boatos de que uma viagem a Berlim teria sido paga pelo esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Mendes diz que o Supremo arcou com parte dos custos, pois se tratava de viagem oficial, e que ele próprio pagou os demais valores.ImagemAntes de falar com Mendes, Ayres Britto conversou com todos os integrantes do STF, pessoalmente ou por telefone. Ministros confidenciaram que a imagem do tribunal passou por um desgaste com essa crise e que era preciso estancar o processo. Mas a maioria concluiu que não era o caso de o Supremo defender publicamente Mendes, até porque uma nota oficial do STF acrescentaria tensão ao caso, em vez de esvaziá-lo. Indagado sobre a falta de uma manifestação oficial do tribunal em defesa de Mendes, Britto disse que o colega não pediu nada e ninguém tomou a iniciativa "porque entendeu que não há gravidade suficiente para isso". Mas, a pessoas próximas, Mendes disse ter comentado com Ayres Britto que o sangue subira à sua cabeça. Nesta quarta, menos de 24 horas após o "desabafo" de Mendes, o ministro chegou à sessão plenária do STF sem querer dar entrevista, numa demonstração de que Ayres Britto teria conseguido convencê-lo a maneirar nas acusações. Ayres Britto, por sua vez, negou que o ocorrido tenha desgastado a imagem da Justiça. "O Judiciário está imune a esses dissensos. Tenho dito reiteradamente que somos experimentados em enfrentamento de situações de toda ordem. Isso não nos tira do eixo. Não perdemos o foco que o nosso dever é julgar todo e qualquer processo, inclusive esse chamado de mensalão, com objetividade, imparcialidade, serenidade, enfim, atentos todos nós às provas dos autos."O presidente do STF disse que não há risco de uma crise institucional. "Não vejo por esse prisma de nenhum modo. O Supremo Tribunal Federal é sobranceiro, altivo, independente, consciente de sua função institucional. E não se afasta disso."Ayres Britto negou que tenha conversado com a presidente Dilma Rousseff sobre o episódio. Na terça-feira, os dois estiveram juntos. "Conversamos sobre assuntos variados da administração pública, que diz respeito aos dois poderes, mas focadamente discutimos a Rio +20. Sua Excelência me convidou para fazer parte da delegação", disse, sobre o encontro que durou mais de uma hora. O presidente do Supremo defendeu que o julgamento do mensalão seja marcado, até para evitar mais desgaste. Mas disse que isso somente ocorrerá após o ministro revisor do processo, Ricardo Lewandowski, concluir o seu voto. A expectativa é de que isso ocorra em meados de junho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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