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Avião da FAB traz 32 brasileiros do Suriname

Embaixador não crê que ataques na véspera do Natal tenham motivação política

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Por Agência Brasil
Atualização:

Um grupo de 32 brasileiros que estavam no Suriname desembarcou em Belém (PA) na noite desta quarta-feira, 30, após serem resgatados por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) depois de sofrerem de ataques com facões de surinameses. A aeronave foi enviada pelo governo para dar assistência especial aos cinco feridos - dois deles mais graves, embora sem risco de morte. Também foi autorizado o embarque de todos aqueles que demonstraram interesse em retornar ao Brasil.

 

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De acordo com a FAB, o voo foi tranquilo e todos os brasileiros receberam atendimento médico para verificar o estado de saúde de cada um deles. A prioridade foi para os cinco feridos, pois dois deles - Raimundo Silva Pereira e Francimar Nascimento Pinheiro - estavam em estado grave. Um deles corre o risco de ter o braço amputado, em decorrência de ferimentos causados por cortes de facão, e o outro teve a mandíbula fraturada.

 

A aeronave C-130 foi equipada com uma unidade de terapia intensiva (UTI) móvel e seguiu viagem com dois médicos e um enfermeiro, além de auxiliares. O voo decolou no final da manhã da quarta-feira de Brasília e retornou no mesmo dia para Belém. Inicialmente, a ideia era transportar 33 brasileiros, mas um deles cancelou a viagem momentos antes da partida.

 

Os diplomatas afirmam que, em geral, os cerca de 15 mil brasileiros que vivem no Suriname não têm vontade de retornar ao Brasil. Eles estão lá com o objetivo de juntar dinheiro para só depois voltar ao país.

 

Os brasileiros que desembarcaram em Belém estavam na cidade de Albina (a 150 km de Paramaribo, capital do Suriname) na madrugada do dia 24, quando houve o ataque promovido pelos quilombolas surinameses (descendentes de escravos).

 

Na véspera de Natal, aproximadamente 300 maroons, quilombolas do Suriname, atacaram um grupo de 200 estrangeiros - entre brasileiros, chineses e javaneses que viviam em Albina. Houve agressões físicas, estupros e depredações. Há suspeitas de pessoas desaparecidas e mortas, mas o Itamaraty não confirma.

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Por segurança, o governo brasileiro retirou todos de Albina. Os brasileiros estão hospedados em quatro hotéis de Paramaribo (Confort, Esmeralda, Nobre e Perola), custeados pelo Ministério de Relações Exteriores. Há, ainda, os que optaram por casas de amigos, na mesma região. De acordo com diplomatas, a principal dificuldade é que boa parte dos que vivem no Suriname está ilegalmente no país vizinho e não demonstra interesse em legalizar sua situação.

 

Motivação

 

O embaixador brasileiro em Paramaribo, José Luiz Machado e Costa, descartou a possibilidade de motivação política na violência contra os brasileiros. Segundo ele, foi um ato de "vandalismo e criminalidade comum". O diplomata reiterou o esforço do governo surinamês em apurar o caso e punir os responsáveis.

 

"A prisão do assistente pessoal do prefeito de Albina mostra o comprometimento do governo do Suriname em tomar providências e resolver o assunto", disse o embaixador. "Não há ação orquestrada com motivação política alguma. O que houve foi um ato de vandalismo e criminalidade comum", afirmou.

 

Costa tem desencorajado os brasileiros de retornarem a Albina. Segundo ele, o ideal é aguardar a orientação do governo do Suriname. "Os brasileiros só devem voltar a Albina depois que o governo do Suriname der garantias de que há controle absoluto da situação naquela região. Por isso, estamos desencorajando quem queira retornar para lá", disse.

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