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Avanços na educação. Mas a universidade pública é de poucos

A taxa de analfabetismo continua diminuindo. Cresce a proporção de pessoas com 11 ou mais anos de estudo. A imensa maioria dos estudantes está na escola pública ? mas, no caso específico do ensino superior, a verdade é o oposto: 70% dos universitários estão em faculdades pagas.

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Por Agencia Estado
Atualização:

Apesar de a grande maioria dos estudantes brasileiros continuar freqüentando a escola pública (82%), a PNAD 2001, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, mostra que, no ensino superior, o quadro é diferente. Ali, as instituições privadas ganharam espaço e já absorvem cerca de 70% dos universitários - 2,6 milhões dos 3,7 milhões de estudantes que cursavam o nível superior no ano passado. A faculdade particular só perde para a pública nas regiões Norte e Nordeste, revela a pesquisa do IBGE, que fez essa medição pela primeira vez. Nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, a instituição privada tem a maioria absoluta dos alunos - 80,1%, 71,9% e 63,5%, respectivamente. E essas são as áreas do País que concentram quase a totalidade dos estudantes brasileiros de terceiro grau. Como a PNAD mediu pela primeira vez a participação da rede privada de ensino superior no País, não há dados comparativos com outras pesquisas do instituto. Mas levantamentos do Ministério da Educação sobre matrículas no 3º Grau revelam que até o fim da década de 60 era a universidade pública que absorvia a maioria dos universitária. A mudança começou a ocorrer nos anos 70. Privatização do ensino superior Para Carlos Lessa, reitor da maior instituição pública de ensino superior do País, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os números da PNAD refletem o que ele chama de "privatização do ensino superior brasileiro". "Além de estar sendo privatizado, o sistema é altamente injusto porque apenas os estudantes que tiveram um bom ciclo médio conseguem entrar nas universidades públicas, e é exatamente o diploma da pública o mais valorizado", analisa. "E o ensino público gratuito tem que compreender o nível superior." Tancredo Maia Filho, diretor de avaliação da educação superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep) do Ministério do Educação, rebate a crítica do reitor e afirma que, nos últimos anos, houve uma expansão nas matrículas da rede pública. Ele nega que haja sucateamento da rede e diz que o Ministério tem se preocupado em investir nas instituições federais. Ensino médio Os dados da PNAD sobre o ensino médio também indicam uma importante participação do ensino privado. No País, 21% dos alunos nesse nível estudam em escolas particulares. A região recordista é a Sul (23%). Mas é no ensino fundamental que a escola pública tem sua participação mais importante. Ela absorve quase 90% dos brasileiros nessa fase da vida escolar e é maioria em todas as regiões, mesmo no Sudeste (88%). Avanços Os resultados da PNAD 2001 reforçam também algumas mudanças já registradas pelo Censo 2000. A pesquisa mostra que, no ano passado, o Brasil manteve em andamento alguns avanços da década de 90 na área de educação, como a redução das taxas de analfabetismo no País. Em 2001, o índice chegou a 11,4% das pessoas com 10 anos ou mais - uma queda de cinco pontos porcentuais em relação a 1992. Outra boa notícia mantida neste estudo foi o crescimento gradual da proporção de pessoas com 11 anos ou mais de estudo. Em 1992, elas representavam 14,1% do total da população com mais de 10 anos. No ano passado, o porcentual subiu para 21,7%. Esse avanço, no entanto, foi maior para as mulheres. As mais escolarizadas já são 23,2% do total, contra 20,1% no sexo masculino. O que mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2001

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