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Autora de PEC de reeleição no Congresso deixará Podemos: 'Fui suspensa igual aluno na escola'

Senadora Rose de Freitas, do Espírito Santo, confirmou que vai sair do partido e defendeu iniciativa que torna viável reeleição de Maia e Alcolumbre

Foto do author Daniel  Weterman
Por Daniel Weterman
Atualização:

BRASÍLIA - Autora de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para permitir a reeleição do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em 2021, a senadora Rose de Freitas (Podemos-ES) diz ter sido suspensa do partido ao qual é filiada "igual a aluno em banco de escola". Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Rose confirmou que vai sair do Podemos por conta própria e defendeu a iniciativa apresentada por ela para tornar viável a recondução de Maia e Alcolumbre. 

Após protocolar a PEC, na semana passada, a senadora foi punida pelo Podemos. O partido abriu processo de expulsão e suspendeu Rose das atividades partidárias por 60 dias. Líder da bancada no Senado, Álvaro Dias (PR) é apontado como adversário de Alcolumbre na disputa pela presidência daquela Casa.

A senadora Rose de Freitas, do Espírito Santo, confirmou que vai deixar o Podemos após afastamento. Foto: Geraldo Magela/ Agência Senado

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Um dos pedidos de expulsão da senadora foi protocolado pela deputada Patrícia Ferraz (Podemos-AP), pré-candidata à prefeitura de Macapá. Josiel Alcolumbre, irmão do presidente do Senado, também concorrerá ao cargo naquela cidade. De acordo com a ação, Rose desrespeitou normas e interesses da legenda ao propor a PEC. 

"Eu fui suspensa que nem um aluno em banco de escola, como se não tivesse feito o dever de casa. Vou sair do partido", afirmou a senadora. Para ela, a proibição de reeleição da Mesa do Congresso é “um cadáver da ditadura que fica boiando”. Entre os senadores que assinaram a PEC estão os líderes do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), e no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). A adesão foi vista nos bastidores como um aceno do Palácio do Planalto a Alcolumbre.

A PEC da reeleição tem viabilidade?

Ela não é prioridade na pauta de hoje, mas teve apoio muito grande. A última vez que olhei estava com 42 assinaturas (no sistema no Senado, aparecem 31). A tese que defendemos é se livrar de um entulho autoritário de um ato institucional que, em 1969, proibiu a reeleição da Mesa do Congresso. É um sepulcro, um cadáver da ditadura que fica boiando. O processo democrático não tem como fugir dessa discussão.

Por que mudar a regra no meio do jogo?

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Eu não estou propondo mudar regra. Estou propondo que se tire esse rebotalho da ditadura que impede uma disputa democrática. Já votamos para reeleição de prefeito e governador. Os deputados são eleitos ad eternum. Os presidentes de Assembleias Legislativas são todos eles reeleitos. Fiz apenas uma proposta. Vai votar a favor quem acha que deve.

O Podemos, seu partido, começou um processo para expulsá-la da legenda por causa da PEC. Como a senhora viu isso?

Eu fui suspensa que nem um aluno em banco de escola, como se não tivesse feito o dever de casa. Vou sair do partido. Quando eu fui convidada para o Podemos, eu teria plena liberdade no exercício da minha atividade parlamentar. Não aceito represália. Se o Oriovisto (Guimarães) ou o Álvaro Dias (senadores do Podemos que se posicionaram contra a PEC) quiserem ser candidatos, sejam com todos concorrendo.

A reeleição de Davi Alcolumbre interessa ao governo?

Não é uma matéria que o governo pode carimbar. O Davi foi pego de surpresa, ele arregalou o olho para mim quando eu falei da PEC. Quando o Jair Bolsonaro abraçou movimentos que pediam o fechamento do Congresso e do Supremo, imagina se tem alguém que adere a essa ideia ou, ao contrário, que vai estabelecer um confronto com o presidente da República? Nosso sistema é do equilíbrio. O Davi não é o único, mas também não podemos tirar do elenco de oportunidades o voto nele.

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