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Autor de vídeo compartilhado por Bolsonaro pode pegar seis meses de prisão

Homem que publicou informações falsas sobre desabastecimento no Ceasa, em Minas, poderá responder por alarme falso ou anunciar perigo inexistente; presidente apagou postagem e pediu desculpas

Por Leonardo Augusto
Atualização:

BELO HORIZONTE – A Polícia Civil de Minas Gerais identificou nesta quinta-feira, 2, o autor do vídeo feito na Ceasa, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, com informações falsas sobre desabastecimento de alimentos por causa da pandemia do novo coronavírus. A gravação exalta o presidente da República, Jair Bolsonaro, pela tentativa de fazer com que a atividade econômica seja retomada.

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Segundo informações da Polícia Civil, o autor do vídeo é trabalhador autônomo e tem 48 anos. O nome do suspeito não foi revelado. A corporação informou que ainda não há data para que seja ouvido, mas que o prazo para apresentação se encerra na segunda-feira, 6. O autor do vídeo poderá ser indiciado por alarme falso ou anunciar perigo inexistente, uma contravenção. A pena prevista é deprisão de quinze dias a seis meses.

O vídeo chegou a ser replicado por Bolsonaro em suas redes sociais. O material foi apagado, e o presidente pediu desculpas por ter divulgado a gravação. A Ceasa vem funcionando normalmente.

O vídeo, segundo as investigações, foi gravado no chamado Mercado Livre do Produtor (MLP), um local na Ceasa conhecido como Pedra, em que os produtores negociam seus produtos. A gravação foi feita no dia 31 em momento ainda de movimento, mas, segundo a Polícia, o autor buscou uma tomada de modo a tentar induzir que não havia qualquer fluxo de comércio naquele momento. As investigações levantaram vídeos e fotos do momento em que a gravação foi feita. A movimentação no local, segundo a Polícia, começa por volta das 2h30 e segue até o final da manhã.

“Dada a gravidade do fato, o caso foi tratado por nós com absoluta prioridade, com a repercussão em âmbito nacional das imagens. Tivemos a oportunidade de identificar a pessoa que aparece no vídeo, responsável pela edição, criação do vídeo”, afirmou o delegado Saulo Castro, de Contagem.

As apurações ainda não apontaram possíveis ligações do autor com partidos políticos, segundo a PC. “Qualquer intuito maior, se provocar aumento de preços, ou trazer instabilidade política, tudo isso será apurado e apresentado ao final das investigações”, disse o delegado Rodrigo Bustamante, que também participa do inquérito.