Auditoria de compra de Pasadena levou 20 dias, diz jornal

Segundo reportagem do 'Globo', procedimento padrão para análise de negociações demandaria até três meses de trabalho; aquisição de refinaria é investigada por suspeitas de superfaturamento

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Por Idiana Tomazelli
Atualização:

Rio - A avaliação prévia da situação comercial e financeira da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), para orientar sua compra pela Petrobrás, foi feita em prazo de cerca de 20 dias, segundo documento confidencial da própria estatal, datado de 31 de janeiro de 2006. Um procedimento padrão de "due diligence" (como o mercado chama a auditoria realizada para avaliar questões jurídicas, operacionais e financeiras em processos de fusões e aquisições) levaria de dois a três meses para ser concluído.

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O documento foi revelado nesta sexta-feira pelo jornal "O Globo". Em um dos anexos do material, o setor da Petrobrás responsável pela auditoria do negócio cita o "prazo muito curto em relação ao que uma due diligence normalmente requer'. No anexo, segundo o jornal, a própria consultoria americada BDO Seidman, reconhece que o tempo para auditoria é curto. 

A Petrobrás comprou a refinaria da trading belga Astra Oil em 2006. Após litígio com o sócio e disputa judicial, a estatal foi obrigada a comprar a totalidade do negócio em 2012, pagando US$ 1,18 bilhão por toda a operação, que oito anos antes, fora adquirida por US$ 42,5 milhões pelos belgas, como revelou o Broadcast em julho de 2012.

Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff confirmou, em nota ao Estado, que aprovou o negócio quando era presidente do conselho de administração da Petrobras, mas alegou que a decisão foi tomada com base em "resumo executivo" falho, preparado pelo então diretor da área internacional da estatal, Nestor Cerveró - demitido na semana passada.

O documento obtido pelo "Globo" mostra que, após a coleta de documentos e reuniões com diretores financeiros da Astra, a Petrobrás teve de fazer nova avaliação em apenas cinco dias. Assinado por gerentes da área tributária e jurídica da estatal, o texto ainda recomendou a criação de uma cláusula responsabilizando a Astra por qualquer tributo devido em decorrência da reestruturação, para se eximir de possíveis passivos.

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