
24 de novembro de 2013 | 23h33
"Quem queria participar, procurava a gente. A construção civil sabia quem ia ser o chefe do setor antes mesmo de ser nomeado", revelou Magalhães, descartando a teoria de que as construtoras eram "vítimas" de um sistema organizado pelos auditores. Além de Magalhães, Carlos Augusto di Lallo Leite do Amaral, Eduardo Horle Barcellos e Ronilson Bezerra Rodrigues, apontado como o chefe da quadrilha, também têm seus nomes envolvidos no escândalo.
"Tinha obra que devia muito, então eles já sabiam como funcionava e sugeriam participar daquela situação (esquema)", complementou o auditor fiscal. Muitas vezes, segundo o auditor, as construtoras pagavam apenas a metade do que deviam aos cofres públicos. E, desse montante, apenas uma parte era recolhida como imposto. O valor restante, caracterizado como propina, era dividido em quatro partes. Com essa divisão, cada auditor chegava a receber entre R$ 30 mil e R$ 70 mil por semana.
As investigações apontam que, além de pagarem valores inferiores aos estabelecidos, o esquema liderado por Rodrigues zerava dívidas Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), ocultava reformas de grandes empreendimentos do cálculo do tributo e até rebaixava o padrão de construções de luxo para diminuir o valor venal do imóvel. Estima-se que o rombo aos cofres do município tenha somado R$ 500 milhões em valor que teria deixado de ser arrecadado entre 2007 e 2012.
Perguntado sobre a participação de políticos no esquema e o financiamento de campanhas, Magalhães desconversou. "Minha participação era até o subsecretário. Não tinha contato no dia a dia com o subsecretário para saber com quem ele se relacionava", disse Magalhães em referência a Rodrigues, ex-subsecretário da receita municipal.
Magalhães também reiterou informação dada ao Ministério Público Estadual de que teria levado dinheiro ao prédio da prefeitura de São Paulo, mas negou a existência de uma conta em seu nome em Miami, nos Estados Unidos. Perguntado se estava arrependido de ter se envolvido no esquema, o auditor afirmou que não sabia responder à pergunta. "A ficha não caiu", disse.
Luxo
Na entrevista, o auditor fiscal afirmou que se tornou compulsivo por sexo e que, por isso, chegou a gastar R$ 10 mil por noite principalmente com a contratação de garotas de programa. Magalhães, que possuía uma lancha, levou acompanhantes para passeios na embarcação e também em um bimotor particular alugado.
Quando perguntado se devolveria a quantia recebida sob a forma de propina, caso isso fosse possível, o auditor deixou claro qual foi o destino da maior parte do dinheiro: Não teria como. Só se eu bater na porte de um monte de moça para tentar devolver."
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