Ato ecumênico homenageia Malina

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Por Agencia Estado
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Com um ato ecumênico na Assembléia Legislativa de São Paulo, onde foi velado, o ex-secretário geral do Partido Comunista Brasileiro, e atual presidente de honra do PPS, Salomão Malina, foi posteriormente sepultado no cemitério israelita de São Paulo, pouco antes das 12 horas. O candidato a presidente pela Frente Trabalhista formada sob liderança do PPS, Ciro Gomes, e o presidente do partido, Roberto Freire participaram do ato e chegaram a discursar elogiando a postura generosa de Malina, que morreu de câncer linfático aos 80 anos. Ciro ressaltou a amizade com Malina e a forma como ele o acolheu no PPS. Ele também fer referência à capacidade de Malina na sua análise da política internacional. O presidente do PPS regional, deputado Arnaldo Jardim, salientou que o partido recebeu condolências de todo o País e do exterior e que um exemplo do fator de agregação de Malina foi a presença no sepultamento de líderes de outros partidos, como Eduardo Suplicy e Aloizio Mercadante, do PT; Alberto Goldman, do PSDB e outros. Para Arnaldo Jardim, Salomão Malina deixou um legado imenso na vida nacional. Roberto Freire afirmou que "o marco mais importante de Malina foi sua postura generosa e a capacidade de conviver com as divergências políticas. Além disto Malina acompanhou o processo de mudança do PCB para fundar o PPS". O próprio Freire em nota oficial do Partido reconheceu que "há vários, anos Malina lutava serenamente contra um câncer linfático. ?Agora, deixa nosso convívio para se transformar em uma legenda, em referência de ética, de humanismo, de amor a seu povo, a embalar-nos na velha e sempre renovada utopia da construção de uma sociedade mais justa, democrática e socialista?, disse. Nascido no Rio de Janeiro em 16 de maio de 1922, filho de imigrantes judeus pobres vindos de Lodz, na Polônia (origem que lhe dava grande orgulho), Malina sempre foi um homem de idéias e ação. Lutou nos campos da Itália na Segunda Grande Guerra Mundial, e recebeu várias medalhas por bravura ecompetência, incluindo a Cruz de Combate de Primeira Classe, a maior condecoração de guerra do Exército brasileiro". Freire lembrou que com "a Anistia, Malina foi para a reserva com a patente de capitão. Colaborou com órgãos da imprensa comunista, morou em vários Estados brasileiros e ajudou a organizar o PCB, antecessor do PPS. Foi preso, exilado e, em 1987, em substituição ao também saudoso Giocondo Dias, assumiu efetivamente a Presidência do Partido. Há, pelo menos, 50 anos, Malina estava diretamente relacionado aos principais fatos ideológicos e políticos da vida nacional. Com formação intelectual sólida, e também auto-didata em vários ramos do conhecimento, contribuiu para formular projetos alternativos para o movimento comunista". Para Roberto Freire, "o PPS perde, sem dúvida, seu principal elo de ligação do passado ao futuro. Ponderado, reflexivo, profundo nas análises, prudente nos diagnósticos e prognósticos da realidade brasileira, firme nas convicções, Malina nos ajudava a superar obstáculos criados ao difícil processo de transição. Por isso, sua voz precisa continuar ecoando entre todos nós para que realidade e utopia possam caminhar, sem grandes desencontros, no sentido de se viabilizar o projeto de civilização que tanto desejou e que somos seus herdeiros. Malina, um renovador corajoso, jamais abandonou o ideário do socialismo. Em tempos de predomínio do marketing e da conspurcação da própria política, o PPS para ser digno de seu presidente de Honra jamais abandonará seus ideais", afirmou.

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