Ativistas criticam homenagem da PM ao golpe militar

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Por PEDRO DANTAS
Atualização:

A homenagem do 2º Batalhão de Polícia Militar de Botafogo, na zona sul do Rio, à participação da unidade no golpe militar de 1964 provocou protestos de organizações de Direitos Humanos. O resumo histórico do batalhão publicado no site e lido durante a troca de comando, ontem, afirma que o 2º BPM "teve participação ativa na Revolução Redentora de 31 de março, em defesa do Palácio Guanabara, sempre ao lado das Forças Armadas Legislativas do Governo"."É uma vergonha que uma instituição que deveria ser mantenedora da ordem faça apologia da ilegalidade tecendo elogios à sua participação em um golpe militar. É lamentável este ato de saudosistas do terrorismo de Estado quando toda a sociedade discute a reparação aos familiares dos desaparecidos políticos vítimas da ditadura", disse a presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, Cecília Coimbra.A Assessoria de Comunicação da Polícia Militar informou que a major Analiny Caroprese, diretora do Museu da Polícia Militar, responderia pelo texto, mas ela não foi encontrada no local. A cientista política Maria Celina Soares de Araújo, da PUC-Rio, lembrou que a atuação da PM durante o regime militar é dividida em dois períodos."No momento do golpe, a PM fica ao lado do seu chefe, o então governador Carlos Lacerda. Ele, por sua vez, não imaginava que estava apoiando o início de uma ditadura que iria durar 21 anos, além de cassá-lo e prende-lo três anos depois. Em um segundo momento, após a edição do AI-5, em 1968, as polícias são introduzidas no esforço de repressão da ditadura", lembrou a cientista política.Autor do livro "Um tempo para não esquecer 1964-1985", sobre o aparato repressivo do regime militar, o historiador Rubim Aquino lembrou que o decreto-lei 667, de 2 de julho de 1969, subordinou as polícias militares ao controle do Exército. "Antes disso, a participação da polícia no aparato repressivo já era intensa. Basta lembrar que partiu da arma de um policial o tiro que matou o estudante Edson Luiz, em março de 1968, durante os protestos estudantis", lembrou o historiador. Ele ressaltou que vários torturadores denunciados em todo o país eram oficiais da PM.

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