Até Orçamento terá de esperar

Base mantém estratégia de deixar a Câmara parada

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Por Luciana Nunes Leal e BRASÍLIA
Atualização:

Embora tenha saído da reunião com líderes governistas dizendo que o governo "não tem absolutamente nada a ver" com o recesso branco que vigora na Câmara desde o início da semana, o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, manteve com os deputados a estratégia de que nada - nem o Orçamento de 2008 - será votado até a aprovação da prorrogação da CPMF no Senado. Os parlamentares argumentaram que não podem votar o Orçamento sem a garantia de que estarão mantidos os R$ 40 bilhões do imposto. "Uma coisa é o Brasil com CPMF, outra é o Brasil sem CPMF. Uma coisa é o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o Orçamento com CPMF. Outra coisa, sem CPMF", afirmou Múcio. "O Orçamento inclui a CPMF", explicou o ministro. "Não vamos votar um Orçamento irreal", afirmou o líder do PP, Mário Negromonte (BA). Múcio disse que a CPMF deverá ser votada no Senado na quinta ou sexta-feira que vem. No entanto, deixou clara a incerteza sobre o número de votos pela prorrogação do imposto que, para ser aprovada, precisa do pelo menos 49 senadores favoráveis. Os governistas chegaram à conclusão de que há apenas 45 votos absolutamente certos em favor da CPMF. Múcio disse que o recesso branco ajuda o governo no esforço para aprovar a continuação do imposto. "A Câmara assume sem desfaçatez que está contribuindo ao não enviar matérias para o Senado", disse o ministro. A suspensão das votações atende a um pedido do governo para não sobrecarregar o Senado e permitir a votação da CPMF. ANTECIPAÇÃO O presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), afirmou ontem que, regimentalmente, é possível antecipar de 14 para 6 de dezembro a votação da CPMF, mas que não fará nenhum movimento nesse sentido. Antecipar essa votação para que aconteça dois dias depois do julgamento do presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em plenário, é idéia do líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR). Indagado se o resultado do julgamento de Renan poderia embaralhar a votação da CPMF, Viana disse que os temas não devem ser misturados.

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