Ataques em São Paulo provocam reações no Congresso

Deputados criticaram a ação da Secretaria de Segurança Pública e propuseram uma maior integração entre as políticas de segurança no país

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Por Agencia Estado
Atualização:

A onda de ataques da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), em São Paulo, já começou a provocar reações do Congresso. O deputado Luiz Antonio Fleury Filho (PTB-SP), que era governador quando a polícia matou 111 presos no Carandiru, vai propor nesta terça-feira, na Comissão de Segurança Pública da Câmara, a criação de uma comissão externa para investigar a situação dos presídios e da segurança pública no Estado. Fleury não economizou críticas à gestão da segurança em São Paulo nos últimos anos: "Essa ação é a conseqüência de 12 anos de total liberalidade nos presídios. Os presos são atendidos em tudo que solicitam, e quando o Estado tenta reagir, eles dão uma demonstração de força como essa." O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) afirmou que vai propor que a Comissão de Segurança Pública da Câmara cubra uma maior integração das políticas de segurança. "Temos de ter uma política de Estado e, para isso, é fundamental que União, Estados e municípios tenham políticas comuns para enfrentar essa questão. Cabe ao Congresso discutir a necessidade de haver um entendimento entre os entes federativos para que tenhamos ações integradas nessa área", disse Cardozo. O deputado também defendeu que o debate em torno da segurança pública precisa ocorrer fora da esfera da disputa político-partidária. O senador Aloizio Mercadante (PT-SP), pré-candidato do PT ao Palácio dos Bandeirantes, evitou fazer críticas ao governo do Estado. Apesar de ressalvar que tem críticas ao modelo de segurança do Estado, elaborado na gestão do PSDB de Geraldo Alckmin, Mercadante insistiu que o momento não é propício para que elas sejam feitas. "Há erros gravíssimos, mas a hora é de solidariedade aos policiais e suas famílias e de suporte para que a situação seja resolvida", disse. Mercadante confirmou que o governo federal colocou à disposição do governo paulista o Sistema Unificado de Informações da Polícia Federal, assim como a Força Nacional de Segurança e a estrutura de dois presídios de segurança máxima, que serão inaugurados nos próximos dias pela União no Paraná e no Mato Grosso do Sul. "Nosso esforço é para dar suporte e combater o crime organizado nessa crise brutal e sem precedentes na história de São Paulo", afirmou o senador, que classificou os ataques como "inaceitáveis". O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), também reagiu aos ataques do PCC. Ele defendeu uma maior integração das forças policiais do País. "É preciso pressionar os governos estaduais e o federal para integrar suas máquinas de segurança, os diferentes órgãos de inteligência e a ação de suas forças policiais". Segundo ele, essa integração dos serviços de segurança no País depende mais de vontade política e de medidas administrativas dos governos do que da criação de novas leis. O senador Demóstenes Torres (PFL-GO) afirmou que o que está acontecendo em São Paulo é reflexo de uma postura muito branda, tanto da legislação como das autoridades brasileiras, para com os condenados. Para Torres, existe atualmente uma cultura que prega a soltura dos presos o mais rapidamente possível, sob a alegação de que a cadeia não recupera ninguém. "O que eu questiono é se a rua recupera alguém. Não é melhor ter um delinqüente preso do que solto?" Ele também fez uma dura crítica ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. "Bastos defende os delinqüentes. Ele tem sido um ministro ridículo, caricato". O senador ponderou, no entanto, que esta cultura classificada por ele de "rodízio de presos" perpassa não só o governo federal, mas a maioria dos governos estaduais, inclusive o de São Paulo. "A verdade é que o crime compensa no Brasil, porque ninguém cumpre integralmente sua pena", afirmou. Torres reprovou a atitude do governador de São Paulo, Cláudio Lembo, de recusar a ajuda da PF e do Exército, oferecida pelo governo federal. "Efetivamente não ia ajudar muito, mas em uma hora dessas não se pode recusar apoio. A PF poderia trocar informações, ajudar na inteligência", afirmou.

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