Associação quer aumentar número de transplantes no País

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Por Agencia Estado
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Segundo país do mundo em número de transplantes, atrás apenas dos Estados Unidos, o Brasil pode melhorar essa marca e reduzir a atual fila de espera de 47 mil pacientes caso os médicos se empenhem mais em notificar mortes e acelerar o processo de captação de órgãos. Pensando nisso, a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o Conselho Federal de Medicina e o presidente Fernando Henrique Cardoso lançaram nesta segunda-feira campanha dirigida aos 263 mil médicos em atuação no País, além de estudantes de medicina do quinto e sexto anos. Eles vão receber material impresso sobre o tema. ?A maioria dos médicos brasileiros, o equivalente a 200 mil deles, se formou mais de dez anos atrás, quando a questão dos transplantes e a atual legislação não eram tratadas na faculdade?, disse o presidente da ABTO, José Osmar Medina. Segundo ele, de cada oito mortes de potenciais doadores, apenas uma é efetivamente notificada pelos médicos às centrais de captação de órgãos. ?Se este número aumentar para dois (a cada oito óbitos), o número de transplantes dobra?, previu Medina, informando que nos Estados Unidos a proporção é de três óbitos para uma notificação. Além da campanha junto aos médicos, o transplante de órgãos no Brasil deverá ser impulsionado no próximo carnaval carioca. É que a escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel vai levar para o Sambódromo o samba-enredo com o tema Transplante e Doação de Órgãos. Fila São realizados 7.700 transplantes por ano no Brasil. De acordo com o ministro da Saúde, Barjas Negri, esse número poderá chegar a 10 mil no ano que vem, caso a campanha surta efeito na classe médica. Há no País 22 mil pacientes à espera de um rim, tipo de transplante que beneficou 3.099 doentes no ano passado. A fila para receber um fígado tem 2.136 pacientes, enquanto 210 esperam um coração e 240, um pâncreas. O primeiro transplante de órgão no Brasil foi de rim, em 1966. O País tem legislação sobre o assunto desde 1968, mas a Lei de Transplantes foi aprovada apenas em 1997. Daí o despreparo dos médicos de um modo geral para lidar com o assunto. O presidente do Conselho Federal de Medicina, Edson de Oliveira Andrade, destacou que o sistema de captação de órgãos está-se estruturando no País e que os médicos precisam de mais informações. Durante o lançamento da campanha, na sede do conselho federal, estava presente a doadora mais idosa de rim do mundo, Hilda Franco Brandão, de 85 anos, que aos 81 doou o órgão a um filho. Fernando Henrique manifestou ?total apoio? à campanha e disse esperar que as metas de ampliação de doação sejam atingidas. Apelo O advogado Sérgio Lindoso Baumann das Neves, de 22 anos, que teve um dos seus rins transplantados há sete anos, defendeu a necessidade de as famílias se conscientizarem de que ?a morte de alguém, apesar da dor, pode significar não só salvar a vida de outra pessoa, quanto melhorar a qualidade da vida de outra?.

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