Associação de PMs de Pernambuco nega influência política: ‘Policial não age por ideologia’

Duas pessoas foram feriadas por balas de borracha no ato contra Bolsonaro e perderam a visão

Por Pedro Jordão
Atualização:

RECIFE – A Associação de Cabos, Soldados e Bombeiros Militares de Pernambuco avalia que não houve insubordinação policial e nem influência do governo Bolsonaro dentro da instituição na ação contra manifestantes no último sábado. Duas pessoas foram feriadas por balas de borracha e perderam a visão. “Policial não age por questão de ideologia”, disse o presidente da ACS-PE, Alberisson Carlos.

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“Não posso dizer quem deu a ordem”, afirmou. “Necessariamente, o comandante da operação recebeu uma ordem para agir. Quem tem que dizer quem deu a ordem é o governo do Estado.”

O governador Paulo Câmara (PSB) negou ter dado ordem para uma ação violenta das PMs. Mas a ação dos policiais nos atos contra o presidente Bolsonaro abriu uma crise no governo. Na terça, o Câmara aceitou o pedido de exoneração do comandante da Polícia Militar, Vanildo Maranhão. Ele será substituído pelo coronel José Roberto Santana, que ocupava o cargo de diretor de Planejamento Operacional da PM.

Dois dias antes da manifestação ser realizada, o promotor de Justiça Westei Conde se reuniu com os Secretários Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, o de Saúde, André Longo, e o de Defesa Social, Antônio de Pádua. Na reunião, o promotor pediu a Pádua que orientasse a PM no sentido de evitar excessos - já havia uma preocupação com a possibilidade da violência policial na manifestação.

Manifestações contra governo Bolsonaro foram recebidas com violência pela Polícia Militar no Recife Foto: Charles Jognson / Myphoto Press - 29/5/2021

Na terça-feira, 1º, Pádua foi convocado à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) pelo presidente da casa, o deputado Eriberto Medeiros (PP), para esclarecer os fatos. “As imagens do confronto dão a entender que houve excesso, mas só as investigações é que darão o norte, na hora de atribuir responsabilidades”, afirmou Medeiros.

Para a codeputada Jô Cavalcanti, que divide o mandato intitulado Juntas (PSOL) com outras quatro mulheres, presidentas da Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular da ALEPE, o secretário não respondeu às principais perguntas. “Ele negou saber da ação, disse que estava participando de uma reunião sobre o monitoramento das praias e que não sabia o que estava acontecendo no centro do Recife, onde também há câmeras”, disse a parlamentar, que participou do ato contra o presidente. Ao questionar quem havia dado a ordem, a codeputada informou que Pádua disse que o comandante da PM tinha livre arbítrio, que decidia pelo batalhão.

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