PUBLICIDADE

Associação de fazendeiros tenta barrar MST em MT

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Fazendeiros de Mato Grosso formaram uma associação para impedir invasões de propriedades pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A entidade contabilizava no último fim de semana 980 associados. O estatuto prevê ajuda mútua em caso de invasões. "Se a fazenda de um associado estiver sob ameaça, a associação vai assumir a defesa", disse o vice-presidente Bento Ferraz Pacheco. Os fazendeiros estão preparados para o uso de armas se for preciso. Pacheco considera os integrantes do MST invasores como quaisquer outros. "Não nos unimos para matar ninguém, mas queremos que a lei seja aplicada." O presidente da entidade, Paulo Resende, confirmou que os associados assinaram documento comprometendo-se a prestar auxílio mútuo em caso de invasão. Na semana passada, eles impediram que os sem-terra entrassem na Fazenda Urutau, no município de Mirassol do Oeste. Segundo Resende, o principal objetivo é o fortalecimento da classe e a defesa da produção. "Se as invasões ameaçam a produção, então esta passa a ser a nossa preocupação." Ele alertou para uma nova escalada de conflitos na região, motivada pela decisão do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de declarar devolutas as terras situadas numa faixa a 150 quilômetros da fronteira com a Bolívia, cancelando os títulos de propriedade. Só não perderam a titulação imóveis com até 1.200 hectares ou aqueles titulados pelo governo federal. "A região está virando outro Pontal do Paranapanema", disse, numa referência aos conflitos fundiários ocorridos no oeste do Estado de São Paulo. Ele reclamou da demora da polícia em cumprir as liminares de despejo. A Fazenda São Paulo, também em Mirassol, invadida em abril, continua ocupada mesmo com a ordem judicial. Segundo Resende, a associação obteve garantia do novo secretário da Segurança Pública de MT, Mauro Machado, de que o despejo ocorrerá no início de dezembro. "Estamos providenciando os recursos materiais para a tropa da Polícia Militar." Outras liminares aguardam cumprimento em Vila Rica e Nova Olímpia. Os associados reuniram-se com o governador eleito do Estado, Blairo Maggi (PPS), para discutir as ações do MST. "Ele garantiu que vai cumprir rapidamente as decisões da Justiça", disse Resende. O coordenador estadual do MST, Wendell Girotto, afirmou que não está preocupado com a associação dos proprietários. "Meia dúzia de fazendeiros armados não vai impedir nossa luta contra o latifúndio." Ele disse que o MST está empenhado, no momento, em libertar oito sem-terra presos desde 29 de julho, no município de Cáceres, acusados de saques a caminhões de cargas. Em protesto, o movimento interditou rodovias e invadiu, na semana passada, a sede do Incra na cidade. O coordenador nacional João Pedro Stédile estava nesta segunda-feira reunido com representantes do Judiciário local. "Se não forem soltos vai ter mais protesto", disse Girotto.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.