Belo Horizonte - A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) divulgou nota nesta segunda-feira, 29, afirmando ver com "extrema preocupação" a possível saída de José Eduardo Cardozo do Ministério da Justiça. O motivo do fim da permanência do auxiliar da presidente Dilma Rousseff na pasta seria pressão do PT, que reclama das investigações da corporação dentro da Operação Lava Jato. Conforme a nota dos delegados, "nesse cenário de grandes incertezas, se torna urgente a inserção da autonomia funcional e financeira da PF no texto constitucional".
Cardozo decidiu deixar o cargo por se sentir injustiçado e já avisou Dilma dessa vontade. A presidente tenta ao menos manter o ministro no governo, e uma opção seria a Advocacia-Geral da União. A interlocutores, o ministro tem afirmado que o PT não compreende seu papel por falar em falta de controle da pasta sobre a Polícia Federal. Cardozo argumenta que a corporação tem autonomia e que só pode atuar em caso de violação de direitos.
Em discurso no sábado, 27, nas comemorações dos 36 anos do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se queixou de estar sendo perseguido pela PF. Na nota divulgada hoje os delegados afirmam que a ADPF "permanece compromissada em fortalecer a Polícia Federal como uma polícia de Estado, técnica e autônoma, livre de pressões externas ou de orientações político-partidárias".
Leia abaixo a íntegra da nota da ADPF
Os Delegados da Polícia Federal receberam com extrema preocupação a notícia da iminente saída do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em razões de pressões políticas para que controle os trabalhos da Polícia Federal.
Os Delegados Federais reiteram que defenderão a independência funcional para a livre condução da investigação criminal e adotarão todas as medidas para preservar a pouca, mas importante, autonomia que a instituição Polícia Federal conquistou.
Nesse cenário de grandes incertezas, se torna urgente a inserção da autonomia funcional e financeira da PF no texto constitucional.
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal permanece compromissada em fortalecer a Polícia Federal como uma polícia de Estado, técnica e autônoma, livre de pressões externas ou de orientações político-partidárias.
Contamos com o apoio do povo brasileiro para defender a Polícia Federal.