Assessor de senador preso pela PF ocupava funções estratégicas

Durante a operação, também foi preso Amaury Martins, assessor do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR)

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Por Agencia Estado
Atualização:

Apontado como um dos cabeças da quadrilha desmantelada pela Operação Castores, o assessor legislativo José Roberto Parquer atua há pelo menos 19 anos em funções estratégicas do Senado, sempre vinculado ao PMDB e serviu a dois outros gabinetes até ser cedido pelo partido ao senador Valdir Raupp (RO), nos últimos três anos. Na legislatura anterior, ele foi um dos assessores mais próximos do senador Carlos Bezerra (PMDB-MT), que presidiu a poderosa Comissão de Orçamento do Congresso. Durante a operação, a Polícia Federal esbarrou, sem querer, em outro assessor parlamentar, que passa a ser investigado como suspeito de integrar a quadrilha. Amaury Martins, assessor do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), foi flagrado no Aeroporto Afonso Pena, em Curitiba, recebendo uma mala do líder da quadrilha, Laércio Pedroso, no momento em que os policiais preparavam o bote para prendê-lo. Laércio foi preso e a mala apreendida para ser periciada. Como não havia mandado de prisão contra Amaury, o assessor de Hauly foi ouvido e liberado, mas será intimado nesta quarta-feira a prestar depoimento na condição de suspeito. As investigações, que começaram em agosto de 2005 por solicitação de Itaipu Binacional, indicam que Parquer era peça chave do esquema de corrupção do setor elétrico brasileiro e vinha atuando nos bastidores da quadrilha há anos. Mas a PF não levantou qualquer indício de que parlamentares como Raupp, cujos nomes apareceram nas investigações, tenham ligação com a quadrilha, segundo ressalvou o delegado Fernando Franceschini, encarregado do inquérito. Ele explicou que os nomes de vários parlamentares surgiram durante as investigações, seja em diálogos telefônicos interceptados ou em outras diligências, mas não foram investigados porque têm foro privilegiado. A PF enviou os nomes para que os presidentes das Câmaras e do Senado decidam se determinam o que deve ou não ser aprofundado e transformado em inquérito com autorização do Supremo Tribunal Federal. Em nota divulgada nesta terça-feira, Raupp se disse surpreso com a prisão do assessor e com a invasão do seu gabinete por policiais que cumpriam mandado de busca e apreensão do computador e de documentos na mesa de Parquer. Ele disse ter recebido telefonema do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, garantindo-lhe que a investigação atinge apenas ao funcionário preso. Também foi preso em Brasília o engenheiro Luiz Geraldo Tourinho, da Eletronorte, uma das estatais lesadas pela quadrilha.

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