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Assembleia terá acesso a ação contra Yeda

Processo servirá para deputado decidir se pedido de impeachment da governadora segue na Casa

Por Elder Ogliari
Atualização:

A juíza da 3ª Vara Federal de Santa Maria, Simone Barbisan Fortes, autorizou ontem o presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Ivar Pavan (PT), a ter acesso ao conteúdo da ação civil pública de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público Federal contra a governadora Yeda Crusius (PSDB) e outros oito demandados. O parlamentar decidirá na segunda se fará a leitura das 1.238 páginas da petição inicial pessoalmente ou atribuirá a tarefa a um procurador da Assembleia. O conteúdo servirá para Pavan formar convicção sobre a admissibilidade do pedido de impeachment da governadora feito pelo Fórum dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul. Se ele entender que sim, encaminhará o requerimento para a Comissão de Constituição e Justiça. A autorização da Justiça é exclusiva à presidência do Legislativo e exige a manutenção do sigilo dos dados. A juíza também determinou que os integrantes do polo passivo da ação possam conhecer a petição inicial mediante requerimento. A ação civil anunciada por seis procuradores da República na quarta-feira lançou o governo de Yeda Crusius (PSDB) em sua maior crise política. Com base em informações encontradas nas operações Rodin (que apurou fraudes no Detran) e Solidária (que apurou irregularidades em licitações de obras públicas), o Ministério Público Federal pediu o afastamento da governadora Yeda e o bloqueio de bens dos envolvidos - o marido Carlos Crusius, a assessora especial Walna Vilarins Meneses, o ex-secretário geral de governo Delson Martini, o presidente do Tribunal de Contas João Luiz Vargas, o deputado federal José Otávio Germano (PP), os deputados estaduais Frederico Antunes (PP) e Luiz Fernando Zachia (PMDB) e o tesoureiro da campanha do PSDB em 2006, Rubens Bordini - acusados de participação como "beneficiários, operadores ou intermediários". Depois do anúncio, os deputados aprovaram a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Assembleia Legislativa para esclarecer as conexões políticas do caso. O PSOL e o fórum reforçaram os pedidos de impeachment que haviam feito à Assembleia. Alegando desconhecer as acusações que pesam contra eles, os envolvidos evitam falar no caso. Yeda Crusius acusou os procuradores de armarem um "circo político" por terem qualificado os demandados de "réus" antes de a Justiça se pronunciar sobre o processo. Ontem, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) emitiu nota de desagravo aos procuradores atacados por Yeda. O advogado Lúcio de Constantino, representante do empresário Lair Ferst, participante da campanha de Yeda em 2006 e pivô da fraude do Detran, revelou ontem ter entregado à Justiça Federal áudios de diálogos entre seu cliente e o ex-representante do governo gaúcho em Brasília, Marcelo Cavalcante, morto em fevereiro deste ano.

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