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Assembleia do PR é acusada de esconder atos da Casa

Por Evandro Fadel
Atualização:

A Assembleia Legislativa do Paraná é acusada de utilizar nos últimos anos diários avulsos (em paralelo aos diários oficiais) para publicar alguns de seus atos. A denúncia foi apresentada pela TV Paranaense, retransmissora da Rede Globo em Curitiba, e pelo jornal Gazeta do Povo, que é do mesmo grupo.Na edição de hoje, o jornal mostrou que os diários extraoficiais não seguem numeração ou ordem cronológica e, às vezes, circulam no mesmo dia que os oficiais. O levantamento apontou que, entre 2006 e 2009, mais da metade (56,7%) dos atos oficiais da Assembleia apareceram nessas edições avulsas ou não foram publicados. Nomeações e demissões são os mais frequentes nesses diários, aos quais poucas pessoas tinham acesso. O jornal relata que cada diário oficial traz, em média, 10 contratações, enquanto nos avulsos o número sobe para 65.Foi dessa forma que o jornal e a televisão chegaram à agricultora Jermina Maria Leal da Silva, de 60 anos, e sua filha, Vanilda Leal, de 33 anos. Elas constam da lista de funcionários da Assembleia e teriam acumulado R$ 1,6 milhão em salários durante cinco anos, mas garantem que nunca viram esse dinheiro, apesar de depositado em conta corrente em seus nomes. Elas dizem nem conhecer a Assembleia e que moram em um casebre numa área de difícil acesso na zona rural de Cerro Azul, no Vale do Ribeira, a cerca de 100 quilômetros de Curitiba. Elas alegam sobreviver com ajuda do Bolsa-Família e de pequenos serviços.Publicação extraordináriaO presidente da Assembleia Legislativa, deputado Nelson Justus (DEM), usou a tribuna hoje para dizer que vai "defender este Poder até a morte, custe o que custar". Em relação às denúncias sobre funcionários fantasmas, ele destacou ter determinado, no dia 10, o recadastramento dos servidores da Casa. Uma comissão foi criada com prazo de 120 dias para terminar o trabalho. Ele alegou que o chamado "ato avulso" não é secreto, mas apenas "publicação extraordinária". Justus anunciou a abertura de sindicância pela Procuradoria Jurídica para apurar as denúncias. "Nós vamos apurar todas as denúncias que vierem contra esta Casa e o Departamento Jurídico foi convocado para estar atento a eventuais abusos de qualquer reportagem", disse.

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