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Assembléia analisa impeachment de governador do ES

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Assembléia Legislativa do Espírito Santo iniciou nesta quarta-feira o processo de análise do pedido de impeachment do governador José Ignacio Ferreira (sem partido) no primeiro dia de trabalho após o recesso parlamentar de julho. O pedido, feito pelos partidos de oposição no início do mês passado, foi aceito pela Mesa Diretora, que determinou que seja instalada uma comissão especial para estudar o assunto em até dez dias. O deputado José Carlos Gratz (PFL), que preside a Assembléia, leu o pedido e convocou para esta quinta-feira uma reunião com todos os líderes partidários para discutir a escolha de 16 deputados (pelo menos um de cada partido) que formarão a comissão especial. O clima na Assembléia é pelo impeachment do governador. Manifestantes protestaram na porta e nas galerias do plenário, "O clima não é favorável ao governador. Acho que essas denúncias são muito sérias e temos que tomar providências", afirmou Gratz. Procedimento - Para que o governador seja afastado (em até 180 dias), o pedido tem que ser votado e aprovado por dois terços dos deputados (20 dos 30 parlamentares). Mas a votação só ocorre se o pedido for aprovado pela comissão especial. Segundo o deputado Lelo Coimbra (PDT), há hoje cerca de 24 deputados que dizem apoiar o impeachment. Depois de instalada, a comissão terá 10 dias para trabalhar e, se decidir aprovar o pedido, o parecer é votado em plenário. Se for aprovado, o governador terá mais 20 dias para se defender. Em seguida, a comissão pode afastar Ferreira e uma nova comissão será formada para dar andamento ao processo. Assassino Aos gritos de "assassino" e "fora", o presidente da Assembléia abriu os trabalhos após o recesso parlamentar. Os principais temas do discurso foram suas próprias defesas contra acusações que surgiram contra Gratz e os deputados durante as férias. Primeiro, ele se defendeu da matéria publicada na última edição da revista IstoÉ, em que uma testemunha afirma que Gratz é o mandante do assassinato do dono do Bingo Arpoador, no Rio. O deputado negou várias informações contidas na reportagem e entregou aos jornalistas cópias de certidões "nada consta". Sempre interrompido por manifestantes nas galerias, Gratz também atacou o Ministério Público Estadual e a CPI do Narcotráfico. O presidente da Assembléia é acusado de distribuir "mesadas" aos deputados que seriam pagas por um empresário capixaba. A acusação foi feita por promotores do MP. Ele também foi investigado pela CPI do Narcotráfico. "A CPI acabou em novembro do ano passado e até agora não apresentou nada. Eles são moleques. Se receber algum relatório dessa CPI, devolvo como papel higiênico usado", disse. O deputado afirmou que acredita que existe uma conspiração de seus inimigos, entre eles o prefeito de Vitória, Luiz Paulo Vellozo (PSDB). "Sou invencível. Ninguém dobra esse homem. Eu tenho a força e meus inimigos não vão conseguir nada", disse. Cadeia Os presos que cumprem pena no quartel do Comando-Geral da Polícia Militar em Vitória reclamaram dos supostos privilégios obtidos pelo ex-secretário de Governo e cunhado do governador, Gentil Ruy. Como tem direito a uma cela especial por ter curso superior, ele ocupa um quarto com banheiro e ventilador dentro do ginásio de esportes do quartel. Hoje, os presos entregaram uma carta à imprensa reclamando do suposto tratamento diferenciado dado a Ruy pelo comando da PM. Eles dizem que, ao contrário do que ocorre com o ex-secretário, as visitas deles só acontecem em dias e horários marcados. Ruy foi preso ontem, em seu sítio, no interior do Estado após uma denúncia anônima. Ele e mais oito suspeitos são acusados do desaparecimento de R$ 4,3 milhões. O cunhado do governador teria organizado o roubo do dinheiro público. Segundo o comandante da PM, João Carlos Batista, como o quartel não fornece alimentação para os presos especiais, não houve irregularidade no fato de a mulher de Ruy levar pizza. Ele admitiu, no entanto, que a visita do deputado foi feita após o horário e que foi feita com a autorização dele. "Como ele tinha acabado de chegar, eu permiti mas isso não vai ocorrer mais", garantiu.

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