'As informações estão nas mãos de outras pessoas', diz Greenwald

Jornalista afirmou que documentos secretos foram distribuídos ao redor do mundo; material pode vir a público se algo acontecer com repórter ou com Snowden

PUBLICIDADE

Por Wilson Tosta
Atualização:

Documentos secretos e inéditos da National Security Agency (NSA), agência de inteligência de sinais norte-americana, foram copiados e distribuídos a diferentes pessoas pelo mundo. Caso alguma aconteça ao ex-analista Edward Snowden, responsável por vazar os documentos, ou ao jornalista Glenn Greenwald, que já publicou parte do material vazado, esse material pode vir a público. A informação foi divulgada pelo próprio Greenwald, durante palestra no 8º Congresso da Agência Brasileira de Jornalismo Investigativo, que se realiza simultaneamente à 5ª Conferência Latino-americana de Periodismo de Investigación e à 8 Conferência Global de Jornalismo Investigativo nesta segunda-feira, 14.

PUBLICIDADE

"As informações estão nas mãos de outras pessoas", disse. "Se algo acontecer, os documentos ainda estão disponíveis e serão utilizados." Ele afirmou ter quatro ou cinco histórias prontas, envolvendo Espanha e França e rebateu críticas que recebe por não revelar tudo o que tem de uma vez. Segundo ele, os documentos estão sendo trabalhados.

Greenwald acusou os Estados Unidos de terem feito "bullying" contra países que mostraram alguma disposição de ajudar Snowden. Mesmo Cuba, que inicialmente se mostrara aberta a deixar um avião com o ex-analista passar por seu território, desistiu. Segundo Greenwald, os oferecimentos de asilo feitos por Venezuela, Bolívia e Nicarágua foram "gestos simbólicos". "A Venezuela, se quisesse, poderia ter mandado um avião buscá-lo", disse.

Greenwald também criticou o presidente do Equador, Rafael Correa, por ter feito uma oferta de asilo que, para ele, "nunca foi muito séria". "Foi para mais um show doméstico", afirmou. "O presidente do Equador gosta da atenção da mídia."

Respondendo a perguntas da moderadora Margo Smit e do público, formado majoritariamente por jornalistas e estudantes de comunicação, Greenwald fez críticas ao que chamou de "corrupção" das grandes organizações de mídia, mas elogiou os profissionais. "Apesar de as instituições jornalísticas terem se corrompido, há jornalistas excelentes", declarou ele, que tem feito reportagens para Rede Globo, Época e O Globo. "Sei que a TV Globo é polêmica no Brasil. Por muitas razões, há críticas, concordo e apoio. Uma das razões pelas quais trabalho com a Globo é o impacto que provoca."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.