Arthur Lira chegou a incluir impeachment no discurso na Câmara em que falou em 'sinal amarelo'

Na quarta, o deputado decidiu fazer um discurso no plenário para alertar Bolsonaro de que o Congresso dispõe de 'remédios políticos amargos', alguns 'fatais', com o objetivo de impedir 'a espiral de erros de avaliação'

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Foto do author André Shalders
Foto do author Felipe Frazão
Por André Shalders e Felipe Frazão
Atualização:

BRASÍLIA - Foi na condição de porta-vozes do mercado que os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), participaram, na manhã da última quarta-feira, de um encontro com o presidente Jair Bolsonaro para discutir a pandemia, no Palácio do Planalto. Na ponta da língua eles tinham as queixas e avisos do empresariado, de banqueiros e do mercado financeiro. Coube a Pacheco sugerir a criação do comitê para coordenar o enfrentamento da covid-19. Ao fim do evento, a iniciativa foi anunciada por Bolsonaro – os participantes quiseram evitar a impressão de que ele teria sido “atropelado”.

Os parlamentares saíram do Planalto, porém, certos de que Bolsonaro não tinha interesse em mudar a postura. Lira ficou furioso ao avaliar que ele debochou do grupo – o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, foi um dos presentes. 

O presidente da Câmara de los Deputados, Arthur Lira Foto: EFE/ Joedson Alves

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Ainda na quarta, Lira decidiu fazer um discurso no plenário para alertar Bolsonaro de que o Congresso dispõe de “remédios políticos amargos”, alguns “fatais”, com o objetivo de impedir “a espiral de erros de avaliação”. A primeira versão do texto continha a palavra “impeachment”.

Tanto Lira quanto Pacheco ouviram dos empresários a expectativa de que o presidente “troque de roupa”. Há consenso também de que um impeachment exige tempo e, neste momento, prejudicaria ainda mais o controle da pandemia. A proposta, no entanto, não está mais tão distante. Ao Estadão, Lira descartou a abertura de uma CPI da Saúde para pressionar o governo. “CPI resolve zero”, disse ele. “Assustar quem já morreu?”, questionou, numa referência ao general Eduardo Pazuello, demitido do Ministério da Saúde. “Vamos para outras medidas”.

Um interlocutor do Congresso observou que não dá para o presidente continuar governando por instinto, com a gasolina a R$ 6, “Lula livre” e, sobretudo, mais de 300 mil vidas perdidas para a covid-19. A avaliação é que Bolsonaro precisa entender que não vive mais no auge da popularidade.

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