Arruda não crê em "maldição" de Estevão

Por Agencia Estado
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Para alguns políticos, o senador José Roberto Arruda (sem partido-DF) está vivendo a maldição de seu inimigo, o ex-senador Luiz Estevão (PMDB-DF). Estevão teve seu mandato cassado em junho do ano passado depois de ser acusado de participar do desvio de R$ 169 milhões da obra do Fórum Trabalhista de São Paulo. Durante o processo contra Estevão no Senado, Arruda e o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) empenharam-se para que a pena fosse aprovada pelos parlamentares. Nesta quinta-feira, logo após saber da renúncia de Arruda, Estevão comemorava o acontecimento. "Arruda seguiu os passos do juiz Nicolau dos Santos Neto (ex-presidente do Tribunal Regional do Trabalho acusado de envolvimento no desvio de recursos da obra do Fórum) que, com medo de ser condenado, fugiu da Justiça". "O ex-senador, com medo de ser condenado, fugiu do Senado", declarou Estevão. Arruda não acredita na tal "maldição". Mas sabe que terá de enfrentar a desconfiança de seus mais de 300 mil eleitores. Arruda, no entanto, já tem um novo ninho partidário. Convidado a filiar-se ao PFL pelo presidente do partido, senador Jorge Bornhausen, o ex-tucano redirecionou seus planos políticos. E devolveu com um comentário vingativo a humilhação imposta a ele pelo PSDB, do qual se desfiliou depois dos primeiros sinais de que seria abandonado pelo partido. "E há outro partido sério neste País?", indagou ele, ao confirmar que está indo para o PFL. Ao chegar em casa nesta quinta-feira, depois de ter lido sua carta de renúncia, Arruda recebeu o único tucano da cúpula do partido que lhe fez uma visita - o líder do governo no Congresso, deputado Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM), amigo pessoal. Mas não faltou solidariedade de vários outros amigos, que lotaram o apartamento de Arruda durante toda a tarde, juntamente com políticos regionais, alguns eleitores, seus filhos e sua mulher, a atriz Mariane Vicentini. Abalado, mas sentindo-se aliviado, Arruda emocionou-se várias vezes ao ser abraçado pelas pessoas presentes. Antes, ainda a caminho de casa, ele parou em uma igreja de Brasília para rezar. "Fiz uma oração de agradecimento." Em nenhum momento, Arruda atacou adversários. Chegou até mesmo a fazer elogios ao ex-presidente do Senado Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que tentou responsabilizá-lo pela atitude de fraudar o painel. "No plano pessoal, gosto dele e não acho que a política brasileira se engrandeça em torno de seu fim." Depois da visita ao ex-tucano, Artur Virgílio afirmou que Arruda poderá dar continuidade à sua carreira política. "Ele pode perfeitamente ser candidato a uma vaga para a Câmara Federal". Mariane reconheceu que não está descartada a possibilidade de ele candidatar-se ao governo do Distrito Federal no próximo ano. Mas isso vai depender da conjuntura. "Ontem, no dia da decisão do Conselho, uma pesquisa indicava que ele tinha 26% das intenções de voto para o governo distrital", disse a atriz.

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