Arruda ensaiou conduta na acareação

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Por Agencia Estado
Atualização:

O senador José Roberto Arruda (sem partido/DF), ex-líder do governo no Senado, admitiu, em conversas com amigos nos últimos dias, que sente ?muita vergonha? do erro que cometeu. ?Nunca revelei nada a vocês, porque eu tinha muita vergonha do que havia feito?, disse o ex-tucano, referindo-se ao fato de ter conversado com a ex-diretora do Prodasen Regina Peres Borges sobre a possibilidade de violação do sistema de votação secreta do Senado. Foi com esse sentimento que Arruda chegou ao Senado acompanhado de seu advogado Cláudio Fruet para participar de uma acareação com seu colega, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), e Regina, no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado. Nos últimos dois dias, Arruda passou pelo menos 15 horas em encontros com seus advogados para preparar sua defesa. Ele tentou buscar tranqüilidade e reunir sólidos argumentos para chegar ao Senado de forma a sensibilizar seus colegas para a posição de que cassar seu mandato por quebra de decoro parlamentar em razão de sua ligação com o esquema de fraude é uma pena muita dura. ?Há o caso de um senador que matou e não foi cassado?, disse Arruda ao chegar no Senado às 14h10, minutos antes do início da acareação, relembrando o caso do assassinato ocorrido na Casa cujo autor foi o senador Arnon de Mello, pai do ex-presidente Fernando Collor. Em 1963, durante uma sessão no Senado, Mello disparou tiros contra seu inimigo político Silvestre Péricles e acabou ferindo mortalmente o colega José Kayrala. ?Eu não matei, eu não roubei, não desviei dinheiro público?, declarou ele, sem, no entanto, comentar o fato de ter mentido, inicialmente, sobre sua participação no episódio. Para o ex-líder do governo no Senado, o caso está sendo tratado de forma ?desproporcional?. Para se preparar para a acareação, Arruda participou de uma espécie de ensaio com seus advogados. Na casa de um amigo, no Lago Sul, onde tem ficado a maior parte dos dias desde que seu nome foi citado no esquema de violação do sistema de votação, o parlamentar viu novamente seu depoimento e os de ACM e Regina aos integrantes do Conselho de Ética que foram gravados pela TV Senado. Sua missão era levantar ?falhas? nos argumentos usados pela ex-diretora do Prodasen e por ACM. Nos últimos dias, além de passar a maior parte do tempo com seus advogados, Arruda também mudou sua rotina diante do assédio de jornalistas e depois do susto em relação à sua saúde ? na semana passada teve de ser medicado por causa do aumento de sua pressão arterial. O ex-tucano ? ele foi afastado da liderança do governo no Senado e abandonou o PSDB depois da denúncia de sua ligação com o esquema de fraude ? não tem ido ao Senado e evitado, até mesmo, freqüentar seu apartamento, localizado na Asa Sul. Isolado, ele tem ficado com alguns amigos e a família, bem longe de repórteres e fotógrafos ? personagens sempre presentes em seu dia-a-dia como líder do governo.

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