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Argentinos querem que Dilma visite antigo centro de torturas

Cristina Kirchner queria aproveitar a visita de Dilma, uma ex-torturada da ditadura brasileira, para mostrar local onde foram torturados mais de 5 mil civis

Por Ariel Palacios e de O Estado de S.Paulo
Atualização:

BUENOS AIRES - O chanceler brasileiro Antonio Patriota afirmou nesta terça-feira, 11, que o governo da presidente Cristina Kirchner pretende reunir a presidente Dilma Rousseff com líderes das históricas organizações de defesa dos Direitos Humanos da Argentina. O desejo do governo Kirchner é realizar a reunião - que incluiria uma visita a um ex-centro de torturas da ditadura militar (1976-83) - durante a visita que a presidente Dilma fará à Buenos Aires no dia 31 de janeiro.

 

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"As Mães da Praça de Mayo entraram aqui como uma possibilidade da programação da presidente Dilma", disse Patriota, que no entanto fez uma ressalva: "A visita presidencial consiste em um único dia. Por isso temos que examinar a programação com cuidado".

 

O governo da presidente Cristina Kirchner queria aproveitar a visita de Dilma, uma ex-torturada da ditadura brasileira, para mostrar a Escola de Mecânica da Armada (ESMA), o maior centro de detenção e torturas que a ditadura argentina teve na cidade de Buenos Aires. Ali foram torturadas mais de 5 mil civis. Do total, menos de 150 sobreviveram.

 

A visita ao lugar, transformado há meia década em um centro de memória sobre as vítimas do regime militar argentino, que assassinou mais de 30 mil civis, seria realizado com as Mães e Avós da Praça de Mayo, aliadas incondicionais do governo Kirchner.

 

"A ESMA é uma das hipóteses mencionadas. Os argentinos oferecem mais de uma possibilidade", afirmou Patriota, sem entrar em detalhes.

 

Viagens

 

Dilma visitará Buenos Aires ao longo do dia 31 de janeiro. Nesse dia no fim da tarde ruma para Montevidéu. Na capital uruguaia jantará com o presidente José "Pepe" Mujica. Ainda não está definido se ela passará a noite no Uruguai. "No dia 1 ela quer estar no Brasil, pois é o início do ano legislativo".

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A visita da presidente Dilma ao Paraguai ainda não conta com data definida. "Viajarei à Assunção na segunda-feira da semana que vem para analisar isso. No Paraguai celebra-se no dia 23 de março os 20 anos do Mercosul. Essa poderia ser uma ocasião".

 

Patriota também afirmou que a presidente Dilma fará uma viagem a Lima, Peru, para participar da cúpula de países da América do Sul e árabes no dia 16 de fevereiro. No dia 13 de abril ela parte para a China, onde - além de ter uma reunião bilateral com o governo chinês - participará da cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China).

 

Passaportes

 

"Prefiro não fazer comentários sobre isso" foi a expressão utilizada pelo novo chanceler brasileiro ao ser perguntado sobre o caso dos passaportes diplomáticos concedidos a filhos e netos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Estamos examinando a situação dos passaportes diplomáticos como um todo... essa foi uma medida tomada pela administração anterior. Não tenho nada a acrescentar", explicou - sem maiores detalhes - antes de deixar a embaixada rumo ao aeroporto.

 

Wikileaks

 

Patriota negou as informações veiculadas pelo Wikileaks que indicavam que indicavam a existência de um suposto veto brasileiro à inclusão da Colômbia e da Bolívia na lista de países que seriam beneficiados com o projeto de cooperação Brasil-EUA para estimular o consumo global de etanol.

 

"Houve, de fato, um entendimento mútuo entre os EUA e o Brasil de que na América do Sul não trabalharíamos de forma conjunta. Mas isso não significa que os países sul-americanos tenham sido excluídos", disse Patriota. Segundo ele, o Brasil possui uma série de mecanismos de integração que dispensam a cooperação existente com os Estados Unidos.

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