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Argentina pede extradição de envolvidos no Plano Condor

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Por Agencia Estado
Atualização:

Pela primeira vez na história, a Justiça argentina pediu a extradição de envolvidos no Plano Condor. Os alvos do pedido argentino são o ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner e o ex-chefe da polícia secreta chilena Manuel Contreras. Eles são acusados de cumplicidade com o ex-ditador argentino Jorge Rafael Videla dentro do Plano Condor e de haver organizado uma associação criminosa. O Plano Condor foi uma operação de repressão "cooperativa" aplicada na Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai e Chile nos anos 70, na qual as diferentes ditaduras militares da região trocavam prisioneiros políticos e informações ou se encarregavam do assassinato de opositores dos regimes dos países vizinhos em outros territórios. O pedido da extradição foi feito pelo juiz federal Rodolfo Canicoba Corral. Ele solicitou a detenção preventiva e a posterior extradição de Stroessner, asilado no Brasil desde 1989, quando foi deposto depois de mais de três décadas no comando do Paraguai. Stroessner é acusado do assassinato ou desaparecimento de 900 pessoas. Contreras foi chefe da Dina, a temida polícia secreta chilena, durante a ditadura do general Augusto Pinochet. Contreras ordenou o assassinato de Orlando Letelier, que havia sido chanceler do presidente Salvador Allende, derrubado por Pinochet em 1973. No momento, Contreras está em prisão domiciliar no Chile. A equipe de Corral admite que o processo de extradição de Stroessner e Contreras será longo e sem garantia de sucesso. O pedido de extradição está vinculado às denúncias feitas por um grupo de advogados que acusa os dois ex-repressores dos desaparecimentos, em território argentino, da chilena Cristina Carreño Ayala e do paraguaio Federico Tatter. Os advogados sustentam que nestes casos não poderá ser alegada a extraterritorialidade dos envolvidos e dos delitos, já que - ao contrário do caso Pinochet, no qual a Justiça espanhola pedia a extradição para julgamento do ditador por crimes cometidos por chilenos no Chile - estes delitos foram cometidos em território argentino e estão sendo investigados pela Justiça deste país. Além disso, o desaparecimento é um crime que não prescreve. Segundo o juiz Corral, "o desaparecimento forçado de pessoas é um delito contínuo, e enquanto não for determinado o paradeiro ou destino das vítimas, nenhuma prescrição entra em vigor".

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