Áreas indígenas terão bases militares

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Por Tania Monteiro
Atualização:

Depois de assistir a saltos de pára-quedistas e ataques a alvos terrestres, na Operação Militar Combinada Poraquê, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, anunciou instalação de unidades militares em áreas indígenas amazônicas, atendendo ao decreto de julho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Podem protestar à vontade, mas eles (os postos militares) serão instalados", advertiu Jobim. O decreto de Lula, porém, não foi recebido pelos militares como decisão que vá beneficiá-los. Eles o viram como mais uma manobra do ministro da Justiça, Tarso Genro, para manter a demarcação das áreas indígenas como estão hoje, principalmente a da Raposa Serra do Sol, que pode ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ainda neste mês. Militares defendem demarcação em ilhas e não de forma contínua, como é hoje. Para eles, ao convencer Lula a assinar o decreto, Tarso teria argumento para assegurar demarcação contínua. Uma das queixas dos militares é que os índios tentam impedir o tráfego nas estradas. Ontem, Jobim não comentou a posição de Tarso. "Não cabe a mim analisar. A análise é do STF. Mas quero deixar bem claro que, seja qual for a decisão do Supremo, ela será integralmente cumprida." O ministro disse não temer conflitos na Raposa Serra do Sol, mas reconheceu que podem ocorrer protestos. O prazo de anúncio dos novos quartéis é de 60 dias, mas instalação não ocorrerá em menos de dois anos. Cada unidade custará R$ 32 milhões. Hoje, há 38 unidades na região amazônica.

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