Áreas de risco serão prioridade da Casa Militar, diz coronel

Futuro titular da pasta, que dirigiu corregedoria da Polícia Militar,pretende promover ações preventivas em encostas

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Por Redação
Atualização:

SÃO PAULO - Fazer um pente-fino das áreas de risco em encostas no Estado de São Paulo será a primeira medida do novo secretário-chefe da Casa Militar do Estado de São Paulo, coronel Admir Gervásio Moreira, de 58 anos. Homem distante dos palácios e dos gabinetes, a escolha de Gervásio, como é conhecido, está estreitamente ligada ao trabalho executado pelo coronel na direção da corregedoria da Polícia Militar.

 

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Em seis meses, Gervásio conclui os inquéritos mais espinhosos em andamento no órgão, alguns dos quais se arrastavam havia dois anos. Esse foi o caso do assassinato do coronel José Hermínio Rodrigues, ocorrido em 2008 quando o oficial comandava o policiamento na zona norte de São Paulo. Dois meses depois de assumir o cargo, Gervásio anunciou o indiciamento e a prisão de dois PMs acusados de matar o coronel. Eles estariam envolvidos com um grupo de extermínio, os Matadores do 18, e com achaques à máfia do jogo e a traficantes de drogas na região.

 

"Conversei com o governador (Geraldo Alckmin) e ele me pediu um levantamento das áreas de risco no Estado a fim de efetuar ações preventivas em parceria com os municípios", afirmou o novo secretário ao Estado. O coronel vai cuidar de um orçamento modesto - R$ 35,7 milhões na proposta enviada pelo governo à Assembleia Legislativa, um terço dos quais deve ser gasto com a Defesa Civil - em comparação aos R$ 140 bilhões previstas para o Estado.

 

As área de mata atlântica e encostas de rios serão as primeiras a serem analisadas no pente-fino. O objetivo é tentar evitar tragédias, como a que destruiu parte de São Luis do Paraitinga, no Vale do Paraíba, em janeiro.

 

Além da Defesa Civil, Gervásio será responsável pela segurança do governador e dos palácios. Ao contrário de outros ocupantes da pasta, Gervásio nunca trabalhou no Palácio dos Bandeirantes. Seu perfil é do oficial chamado operacional. O homem fez boa parte de sua carreira na corregedoria, de onde saiu como capitão para retornar como comandante. Sua nomeação para o cargo foi uma aposta do atual secretário da Segurança, Antônio Ferreira Pinto, e do comandante-geral da PM, Alvaro Camilo.

 

Com fama de durão, Gervásio afastou da corregedoria seis capitães e três tenente-coronéis logo que chegou ao cargo. Além de mandar para a cadeia os acusados de matar o coronel Hermínio, ele desmantelou o grupo de extermínio Ninjas da PM, que agia na Baixada Santista e reuniu provas contra dois oficiais supostamente envolvidos em execuções de suspeitos detidos por equipes da Força Tática de batalhões na cidade de São Paulo.

 

Católico, casado e pai de dois filhos, Gervásio era o único negro entre os 54 coronéis quando recebeu a patente. Disse que nunca sofreu racismo na PM. Para quem o suceder na corregedoria, deixou um recado: "Há muito trabalho ainda para ser feito aqui."

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