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Área indígena Tenharim é atacada no Amazonas

Acusando índios de ter matado três moradores de Humaitá, grupos invadem aldeias; PF começa buscas no local neste sábado

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Por Chico Siqueira
Atualização:

Cerca de 300 pessoas invadiram nesta sexta-feira, 27, as aldeias da Terra Indígena Tenharim, localizada nos municípios de Manicoré e Humaitá, a 675 quilômetros de Manaus. Revoltadas contra o desaparecimento de três moradores da cidade, no início do mês, e entendendo que os índios os assassinaram, elas se dividiram em carros e caminhonetes, passaram pela aldeia Mafuí, atearam fogo em casas e destruíram um pedágio criado pelos índios no quilômetro 145 da Rodovia Transamazônica (BR-230).A pedido da Fundação Nacional do Índio, uma força-tarefa formada pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Força Nacional foi enviada à região para tentar conter o conflito – mas até o início da noite nem as autoridades policiais tinham notícias atualizadas sobre a situação.Antes de destruir o pedágio e incendiar as casas, ainda de madrugada, o grupo cortou a energia elétrica das aldeias. "Eram cerca de 150 homens", contou Marco Túlio da Rocha, funcionário da Eletrobrás Amazônia, chamado para restabelecer o fornecimento na manhã desta sexta. Segundo ele, os manifestantes atiraram contra o dispositivo de distribuição de energia. "Eles estavam muito furiosos, disseram que iam encontrar por conta própria os três desaparecidos", completou outro funcionário da Eletrobras Carlos Alberto Santos.O tumulto ocorre dois dias depois do quebra-quebra em Humaitá, onde cerca de 2.000 pessoas incendiaram a sede da Funai, a Casa da Saúde do Índio, 13 veículos e um grande barco às margens do Rio Madeira. Cerca de 140 índios estão refugiados no 54° Batalhão de Infantaria da Selva, em Humaitá, para se proteger de retaliações.

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Na sua operação, nesta sexta, os invasores se dividiram. Cerca de 50 homens acamparam a menos de 30 km das aldeias invadidas na sexta-feira. "Acho que temos de ir contra a cobrança dos pedágios. Quando paramos lá, ficamos à mercê dos índios. Um exemplo é nossos três amigos, que desapareceram", disse Samuel Martins, da Associação dos Madeireiros.Estopim. O problema começou no dia 16, quando três homens -- o técnico da Eletrobrás Amazonas Aldeney Ribeiro Salvador, o professor Stef Pinheiro e o comerciante Luciano Ferreira Freire – desapareceram. A informação na cidade é que teriam sido sequestrados e mortos pelos índios Tenharim, que assim estariam vingando a morte do cacique Ivan Tenharim. A versão oficial da morte do cacique é que ele sofreu um acidente de moto na BR-230. Para os índios, ele foi assassinado por pessoas descontentes com a presença dos índios nas cidades e com a cobrança de pedágios para passar por suas terras, nos quais são cobrados valores de R$ 15 a R$ 100. Os índios negam a acusação de sequestro.Nesta sexta, a PF e os prefeitos de Manicoré e Humaitá se reuniram com familiares dos três desaparecidos para anunciar que as buscas pelos três começam neste sábado. Para evitar que moradores de Humaitá cruzassem o Rio Madeira, para engrossar o movimento em Santo Antônio do Matupi, a Polícia Militar fechou o acesso à balsa que fica no Rio Madeira, em Humaitá.

 

 

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