Aproximação com PL racha Executiva do PT

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Por Agencia Estado
Atualização:

A aproximação do PT com o Partido Liberal (PL), na tentativa de construir uma aliança para a eleição presidencial, causou um racha na Executiva do PT, reunida desde o início desta manhã na sede do diretório nacional, em São Paulo. Parte dos membros da executiva queria discutir no encontro de hoje a aproximação do PT com o PL, o que já vem causando críticas de setores do próprio partido. No entanto, por nove votos a seis, ficou decidido que uma eventual aliança com o PL só será discutida no diretório nacional nos dias 24 e 25 de março, depois das prévias da legenda, marcadas para o próximo dia 17. A decisão de não discutir a aliança com o PL hoje fez com que setores mais à esquerda do PT deixassem a reunião antes do término. Foi o caso da senadora Heloísa Helena (PT/AL), que saiu visivelmente irritada. "É uma aberração da executiva impedir que o debate sobre a aliança aconteça antes das prévias ou por uma hora hoje. Isso mostra o pior, mostra que estão se curvando à medíocre matemática eleitoral. É vergonhoso", declarou a senadora. A crise deflagrada dentro do partido acirrou-se hoje após o senador José Alencar (PL/MG), o mais cotado para ser vice na chapa encabeçada por Luiz Inácio Lula da Silva, ter declarado ser favorável à manutenção de Armínio Fraga à frente do Banco Central (BC) e ter ainda afirmado ser contra o Movimento dos Sem Terra (MST), ligado ao PT. Para Heloísa Helena, o PT não ganha ao se aliar ao PL. "O PL não trás nenhuma vantagem ao PT. O que está havendo é um erro", disse, acrescentando que se o PT fechar com o PL se tornará um partido "igual aos outros". "Entre a cópia e o original, a população, que é sábia, prefere o original. Se o PT se aliar ao PL deixará de ser o PT dos últimos 22 anos", completou. O presidente nacional do PT, José Dirceu, afirmou que a aliança com o partido de Alencar não foi discutida na reunião de hoje porque, no encontro nacional do partido, em dezembro, ficou determinado que as questões de alianças seriam debatidas no diretório nacional e não na executiva. "Fizemos o que foi determinado no encontro. Não tem nenhum sentido aprovar ou não agora as alianças porque os outros partidos ainda não se decidiram. Isso é assunto para maio ou junho", afirmou Dirceu. Ele garantiu que o PT só fará alianças se houver acordo em torno do programa de governo. "Não vamos abrir mão de nenhuma de nossas bandeiras fundamentais", disse. Sobre as declarações de Alencar, Dirceu limitou-se a dizer: "O senador pode ter a opinião dele".

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