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Aposta em educação levou São Caetano à dianteira

Cidade com melhor qualidade de vida do Brasil iniciou investimento há 60 anos e tem avanços em todas áreas

Por Eduardo Nunomura
Atualização:

Educação era construir escolas. São Caetano construiu as suas. Depois que elas já eram suficientes, preocupou-se com o educar bem. Essa história que começou 60 anos atrás, se traduz hoje na cidade com a melhor qualidade de vida do Brasil. Do engenheiro Angelo Raphael Pellegrino, o primeiro prefeito, até o atual, José Auricchio Júnior (PTB), todos os oito governantes do município apostaram no ensino como carro-chefe da administração. Deu certo. Do giz à lousa digital, a educação em São Caetano do Sul, primeira no índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, rende frutos na saúde, no emprego e na renda. Seus 145 mil habitantes vivem num oásis de 15 quilômetros quadrados onde a mortalidade infantil é a mais baixa e o nível de escolaridade é o mais alto de São Paulo. Até o fim do ano, será a primeira cidade da região metropolitana a ter 100% do esgoto tratado. Quando a crise mundial atingiu o ABC paulista, São Caetano sentiu o baque, como na casa de Eliane Pereira e Fernando Santiago Viteri. Operário da montadora GM, que representa 30% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da cidade, ele foi um dos 1.600 cortados. Ex-operadora de telemarketing, Eliane já estava sem emprego. Ambos sobreviveram com cestas básicas. Mas tiveram de abandonar o tratamento de bronquite e asma do filho, Guilherme, de 6 anos, porque Viteri perdeu o plano de saúde da empresa. Os programas sociais, como um Bolsa-Família municipal, as cestas básicas e os remédios gratuitos, e a agência de recolocação profissional asseguraram à família Viteri segurança no meio da crise. "Cresci ouvindo que São Caetano era uma boa cidade para se viver. Quando precisei, sabia que era só pôr os pés na prefeitura para ser ajudada", diz Eliane. Ela obteve emprego no Atende Fácil, que oferece serviços municipais ao cidadão. Ele voltou à montadora. A GM anunciou, em julho, que voltará a investir na fábrica da cidade. Serão US$ 300 milhões para expandir o Centro Tecnológico, uma das cinco plantas mundiais de referência em tecnologia. O Sesc e o Senai investirão R$ 70 milhões na sua maior escola profissionalizante. Numa antiga indústria cerâmica, está sendo criado um parque tecnológico, que gerará 23 mil empregos. Ao mesmo tempo, a cidade vem diversificando sua matriz econômica. Só neste ano 543 empresas de serviços foram abertas. Algumas têm migrado por causa do Imposto sobre Serviços (ISS) menor. Na capital paulista, o ISS é de 5%; em São Caetano, 2%. As empresas são atraídas também porque 42% dos trabalhadores da cidade têm nível superior, com média de 12,8 anos de estudo. Com as escolas municipalizadas, as crianças não ficam mais na gangorra entre a qualidade do ensino estadual ou municipal. Só neste ano, o Centro Digital, uma escola municipal de informática, formou 750 alunos de 13 a 80 anos.

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