Aposentados aplaudem novo limite de idade para doar sangue

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Por Agencia Estado
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Durante 22 anos, o gráfico aposentado Attilio Sigliani repetiu um ritual no Dia do Doador de Sangue, 25 de novembro: de barba feita, ia para o Hemocentro do Hospital das Clínicas, em Pinheiros, para contribuir com a Fundação Pró-Sangue. No ano passado, com 61 anos, teve de voltar para casa, sem conseguir doar. "Disseram que eu já tinha passado da idade. Não podia mais contribuir", diz o aposentado. Sigliani, que já se prepara para retomar as doações, afirma que se sentiu "frustrado". "Não tenho nenhum problema de saúde, tenho as mesmas condições de antes", diz. O carpinteiro Zezuito Luís dos Santos, de 59 anos, tinha medo de perder a possibilidade de ajudar outras pessoas. "Essa nova lei veio mostrar que quem tem mais de 60 anos está com a saúde tão boa quanto os outros", disse Santos, enquanto doava como voluntário no banco de sangue da Pró-Sangue. Aline Monteiro, hemoterapeuta e hematologista da fundação, concorda com Santos. Para ela, a longevidade e a qualidade de vida do brasileiro melhoraram. "Ainda não sabemos quanto a mudança vai representar em números, mas com certeza isso vai melhorar a auto-estima dessas pessoas", confirma. Ela ressalta, no entanto, que, além da idade, é necessário observar as exigências para a doação. "Estar em boas condições de saúde é essencial", diz a médica. Muitos, ao saber que não podiam mais doar por conta da idade, escreviam cartas à fundação reclamando da limitação. "Essa lei era absurda. Sempre doei e fiquei chateado quando não pude doar para a minha cunhada, que vai fazer uma cirurgia", disse o segurança aposentado Waldemar Roncatti, de 63 anos. Ele não sabia da mudança da idade-limite. Além das doações entre parentes, os bancos de sangue esperam um aumento da participação de voluntários. "Já estava preocupado com a limitação da idade", diz o ascensorista Luiz Bernardo da Silva, de 48 anos. Doador voluntário há 15 anos, Silva diz que se sente bem quando pode doar. "Quando saio daqui, sinto uma alegria enorme." Mais informações podem ser obtidas na Fundação Pró-Sangue, pelo telefone 0800-550300 ou pela internet www.prosangue.sp.gov.br

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