Após ser preso, deputado do PT pode se desligar de partido

MPF o acusou de articulador de uma organização criminosa especializada em crimes financeiros que teriam dado prejuízo de ao menos R$ 1 bi aos cofres públicos

Por Agencia Estado
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O deputado federal eleito pelo PT de Minas Gerais, Juvenil Alves, cogita a possibilidade de pedir o desligamento do partido, segundo informou nesta segunda-feira (27) o advogado Renato Moreira, que foi o coordenador de sua campanha. A executiva estadual do PT mineiro decidiu suspender "prévia e temporariamente" a filiação do deputado federal eleito pela legenda, que na semana passada foi preso durante a Operação Castelhana da Polícia Federal. O advogado tributarista, que foi o mais bem votado candidato do PT de Minas à Câmara na eleição passada (110.651 votos), deveria ganhar a liberdade a partir das 0h da meia noite do dia 27 para o dia 28, quando termina o prazo de cinco dias da prisão temporária. Alves foi apontado pela PF e o Ministério Público Federal (MPF) como o articulador de uma organização criminosa especializada em crimes financeiros que teriam causado prejuízo de pelo menos R$ 1 bilhão aos cofres públicos. Moreira disse que o deputado eleito está "ansioso" para se explicar ao PT. "Mas se não houver também um interesse do partido que ele permaneça, não vai haver muita discussão quanto a isso. Ele também não vai ter interesse em permanecer ligado num partido que não o deseja ter em seus quadros", afirmou. Apesar do constrangimento causado à legenda, petistas mineiros ligados a Alves demonstraram desconforto com a decisão da executiva estadual do PT, que contou com o aval do presidente nacional, Marco Aurélio Garcia. "Eu respeito e me silencio diante do que o partido fez", disse o embaixador do Brasil em Cuba, Tilden Santiago ao Estado, na última sexta-feira. O embaixador afirmou que apoiou e participou da campanha de Alves porque entende que "ele pode ser um bom componente da bancada e colaborar com governo Lula" pelos seus conhecimentos em direito tributário e direito internacional. A campanha de Alves, porém, gerou suspeita dentro do próprio PT mineiro. Na prestação de contas entregue ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), ele declarou ter gasto R$ 415.242,95, montante considerado baixo para a votação recebida. A PF se comprometeu a remeter à Justiça Eleitoral para análise documentos referentes à campanha de Alves. Durante a operação, agentes federais apreenderam vasta documentação e R$ 344,5 mil no escritório do advogado, em Belo Horizonte.

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