Após ser chamado de genocida pela oposição, Bolsonaro diz: ‘Nos encontramos em 2022’

Abertura do ano legislativo no Congresso Nacional teve provocações entre apoiadores do presidente e rivais

PUBLICIDADE

Foto do author Daniel  Weterman
Por Daniel Weterman e Emilly Behnke
Atualização:

BRASÍLIA – A sessão de abertura do ano legislativo no Congresso começou, nesta quarta-feira, 3,  com provocações entre o presidente Jair Bolsonaro e a oposição. Deputados da bancada do PSOL hostilizaram Bolsonaro aos gritos de "genocida" e "fascista", quando ele foi chamado para discursar na cerimônia. 

“Nos encontramos em 22”, respondeu o presidente. Era uma referência à eleição presidencial de 2022, quando ele pretende disputar novo mandato. Seus opositores vestiam camisetas com inscrições como “Impeachment Já” e “Fora Genocida”. Aliados do governo, por sua vez, gritavam “Mito”, em alusão ao apelido de Bolsonaro. 

Sessão solene que inaugurouo ano legislativo, com a presença de Bolsonaro no Congresso Nacional Foto: Dida Sampaio/Estadão

PUBLICIDADE

O novo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), teve de intervir para pedir respeito no plenário, na tentativa de acalmar os ânimos exaltados. “Vamos dar uma oportunidade à pacificação deste país. Uma delas é que, respeitando a manifestação de pensamento, possamos respeitar as instituições”, afirmou o senador, que comandava a sessão.

Foi a primeira vez que Bolsonaro entregou pessoalmente a mensagem ao Congresso, desde 2019. Depois de conseguir emplacar seus aliados na cúpula do Legislativo, o presidente quis fazer um aceno político e indicar ao mercado financeiro que agora terá força para levar adiante sua agenda.

Diante de deputados e senadores, Bolsonaro disse que na lista de prioridades do governo estão as reformas tributária e administrativa, a agenda de privatizações, a modernização do setor elétrico e o plano de vacinação para combater a pandemia de covid-19. “Seguimos envidando todos os esforços para o retorno à normalidade na vida dos brasileiros”, destacou ele. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, e o procurador-geral da República, Augusto Aras, também estavam presentes à cerimônia. 

No meio do discurso, Bolsonaro olhou para os adversários e, com um leve sorriso, disse que seu governo lançou “um plano anticorrupção”. Em uma estocada no PT, afirmou, ainda, que nunca propôs a regulação da mídia. A oposição, mais uma vez, protestou.

Pouco depois, o novo presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), disse que a hora é de “superar antagonismos” e deixar para trás “mágoas e mal entendidos”. “Não será fácil resguardar a vida dos brasileiros, dinamizar a economia e preservar o imperativo da responsabilidade fiscal”, discursou Lira. Pacheco, por sua vez, defendeu a retomada do auxílio emergencial. O benefício foi pago a trabalhadores informais e desempregados no ano passado, mas terminou em dezembro. “Estamos estabelecendo (...) um caminho para compatibilizar o auxílio governamental aos mais carentes, que ainda é absolutamente necessário neste momento, com os princípios que norteiam a responsabilidade fiscal”, observou o senador.

Publicidade

Seis horas e meia antes de ir ao Congresso, Bolsonaro se encontrou com Lira e Pacheco, no Palácio do Planalto. Os dois entregaram a ele uma declaração conjunta em que se comprometem a dar andamento às reformas na Câmara e no Senado e a assegurar que todos os recursos para a vacina estejam disponíveis. Na ocasião, o presidente bateu na tecla da “harmonia” entre os Poderes e apresentou uma lista com 35 prioridades do governo no Congresso, das quais nove contemplam a pauta ideológica e a agenda de costumes.

Nesse pacote estão, por exemplo, o projeto que flexibiliza o porte de armas e o que prevê a liberação do ensino de crianças em casa, o chamado homeschooling. Uma das propostas que já estão no Congresso libera a concessão de porte de armas para cidadãos em geral, e não apenas para militares, policiais e guardas. / COLABOROU ANDRÉ BORGES

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.