BRASÍLIA - Integrantes da cúpula do PMDB devem convocar a Comissão de Ética do partido para tratar, na próxima sexta-feira, 18, de uma possível expulsão do novo ministro da Secretaria de Aviação Civil, deputado Mauro Lopes (MG) da legenda. O encontro deve ocorrer um dia após o deputado tomar posse como novo ministro do governo Dilma.
Oficialmente, a comissão ainda não foi convocada, mas nos bastidores a informação corrente é de que a decisão deve sair nas próximas horas.
A ida de Lopes para a SAC, confirmada nesta quarta-feira, 16, pela presidente Dilma Rousseff ,“afronta” moção aprovada no último sábado, 12, pela Executiva Nacional do PMDB que proibiu os peemedebistas de assumirem, a partir do encontro, qualquer cargo do governo federal, pelos próximos 30 dias. Integrantes do partido lembram que no documento está prevista a expulsão do correligionário que descumprir a regra.
'Desrespeito'. Membros da cúpula do PMDB consideraramnomeação de Lopes um “desrespeito” ao partido.
No entendimento de parte dos integrantes da sigla partido ligados ao vice-presidente da República e presidente Nacional do PMDB, Michel Temer, a iniciativa do governo “atropela” a decisão tomada na Convenção da legenda.
A avaliação é que o fato de serem atropelados irá ampliar a crise do partido com o governo, num momento em que o Palácio do Planalto tenta uma reaproximação para tentar evitar os avanços do processo de impeachment contra a presidente Dilma. Nos últimos dias, lideranças do PMDB do Senado, considerados como fiéis da balança no processo de afastamento da presidente, têm ressaltado publicamente que Temer e o PMDB estão prontos para assumir o comando do País.
A expectativa dentro da cúpula da legenda é de que haja uma “radicalização” de setores da legenda, seja contra a petista, seja contra Mauro Lopes.
Defesa. Responsável pela indicação de Lopes, o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), disse que a nomeação do deputado para a SAC não afronta a decisão tomada pelo partido. O argumento de Picciani é que não se trata de um novo ministério, mas de uma Pasta que já estava na cota do PMDB. A SAC foi ocupada anteriormente pelos peemedebistas Moreira Franco e Eliseu Padilha, integrantes do grupo mais próximo do vice-presidente da Republica, Michel Temer.
"O convite e o anúncio que ele seria ministro é um fato anterior à convenção. Ele não está ocupando um cargo novo. Está ocupando um cargo que já está na cota política do PMDB e que o partido não tomou a decisão de entregar. Foi inicialmente ocupado pelo ministro Moreira, pelo ministro Padilha e agora está sendo ocupado por um interino indicado pelos antecessores", afirmou Picciani ao Estadão.