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Após intervenção de Lula, PT fluminense adia desembarque do governo Cabral

Diretório estadual do partido já havia marcado para deixar o governo estadual no dia 30, mas ex-presidente solicitou diretamente ao senador Lindbergh Farias, que acatou o pedido

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Por Wilson Tosta
Atualização:

Rio de Janeiro - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a intervir e levou o diretório do PT fluminense a adiar - sem nova data definida - o desembarque petista do governo Sérgio Cabral Filho (PMDB), que, segundo combinado anteriormente, seria oficializado neste sábado, 30. Depois de uma quinzena marcada por movimentação do Palácio Guanabara, o ex-presidente pediu o adiamento diretamente ao senador Lindbergh Farias, pré-candidato da legenda à sucessão estadual. Sem alternativa, o parlamentar aceitou, mas integrantes do seu grupo político asseguram que mantêm a disposição de levou o PT a sair do governo Cabral ainda em dezembro, para preparar a candidatura.

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Em seu pedido a Lindbergh, Lula alegou que vai se reunir nesta sexta, 29, com a presidente Dilma Rousseff e a cúpula do PMDB para discutir a aliança dos dois partidos nos Estados. Seria desagradável, disse o ex-presidente, que a legenda rompesse no Estado ao mesmo tempo em que a costura nacional é feita.

O adiamento da decisão pode ser interpretado como uma vitória do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), que desde as manifestações de junho vive uma crise de popularidade - a última pesquisa Ibope o mostrou com apenas 18% de avaliação boa e ótima, 34% de aprovação e 58% de desaprovação. A saída do PT do governo estadual poderia piorar o cenário ainda mais. Seu pré-candidato, o vice-governador Luiz Fernando Pezão, aparece na sondagem em sexto lugar nas pesquisas, com 4% de intenções de voto, empatado com o novato Bernardinho, do PSDB.

Na última semana, os secretários petistas Carlos Minc (Ambiente) e Zaqueu Teixeira (Direitos Humanos) e o líder do PT na Assembleia Legislativa, André Ceciliano, foram questionados pelo governo sobre a iminente saída. Responderam que o assunto já estava decidido. Por isso, a intervenção de Lula gerou, no grupo de Lindbergh, desconfianças sobre uma possível ação do próprio governador, junto ao ex-presidente, para levá-lo a agir.

Novela. A discussão sobre a saída do PT do governo Cabral já dura meses - pelo menos desde julho se fala no assunto. Inicialmente, o grupo de Lindbergh tentou marcar para 4 de agosto uma reunião da Executiva para agendar o encontro do diretório regional que discutiria o assunto. Mas não foi possível: houve pressões do presidente nacional do PT, Rui Falcão, sobre o regional, Jorge Florêncio, e o encontro foi desmobilizado.

Uma semana depois, Lindbergh, em reunião com outros petistas, acertou uma data para a reunião do diretório que oficializaria a saída (pensada para 6 de outubro) e combinou que tentaria uma "sintonia com Lula" para marcá-la. O ex-presidente, porém, não gostou.

"Que pressa é essa?", perguntou a Lindbergh. Depois, em conversa telefônica com o senador e pré-candidato, pediu cautela. "Vamos conversar. Acho que você está muito apressado. Vai devagar". Já então, Lula mostrava ser favorável a permanência do PT no governo estadual até dezembro. Na época, especulava-se que Cabral renunciaria ao cargo no fim de 2014, para que Pezão assumisse e pudesse trabalhar sua imagem. Isso, contudo, parece afastado.

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O PT local acabou fechando a data de 30 de novembro para a reunião do diretório regional. O objetivo era evitar que a discussão se misturasse ao Processo de Eleição Direta (PED) do partido, que estava em curso. Em reunião no dia 11 de outubro com Falcão, chegou a ficar acertado que a data do encontro do diretório seria 25 de novembro, dia seguinte ao segundo turno petista. Mas o partido acabou voltando a fixar 30 de novembro - data que, após o pedido de Lula, vai servir apenas para discutir a questão, mas não para decidi-la.

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