PUBLICIDADE

Bastidores: Após ‘esvaziar’ Casa Civil, Bolsonaro tenta fortalecer Onyx

Após demissão de auxiliar, ministro ganhou sobrevida e segue firme no cargo; nesta segunda, foi ao Congresso entregar mensagem presidencial

Por Jussara Soares
Atualização:

BRASÍLIA – Após esvaziar as atribuições da Casa Civil, o presidente Jair Bolsonaro usou a abertura do ano legislativo, nesta segunda-feira, para fortalecer o ministro-chefe da pasta, Onyx Lorenzoni. Além de entregar a ele a missão de levar a mensagem presidencial ao Congresso, Bolsonaro também determinou que o ministro da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira, considerado hoje o nome mais forte dentro do Palácio do Planalto, o acompanhasse. Lado a Lado, os dois chegaram juntos ao Congresso pouco depois das 14h30.

O recado de Bolsonaro, segundo interlocutores do governo, é claro: Onyx, mesmo esvaziado, ganhou sobrevida e segue firme no cargo. Na avaliação dos mesmos auxiliares do Planalto, o chefe da Casa Civil se beneficiou pelo fato de o presidente ter “gratidão” a ele, mas também por não dispor, neste momento, de outro nome considerado de confiança para a função.

O ministro Onyx Lorenzoni é cumprimentado pelo presidente do Senado, Davi Acolumbre; aproximação com Congresso é considerada estratégica Foto: GABRIELA BILO/ESTADÃO

PUBLICIDADE

“Estou mais forte para servir o Brasil”, disse Onyx ao Estado quando deixava o Congresso. Ao ser questionado se sua ida ao parlamento era um indicativo de que estava seguro no cargo, ele evitou responder diretamente.

Na semana passada, rumores de uma demissão do ministro ganharam força após a crise política envolvendo o secretário-executivo da Casa Civil, Vicente Santini, demitido após usar o voo da Força Aérea Brasileira (FAB) para uma viagem ao Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, e à Índia.

Após ser exonerado, Santini ganhou um novo cargo na mesma pasta. Com a repercussão negativa nas redes sociais, Bolsonaro determinou o desligamento do secretário e, ao mesmo tempo, que o Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), então sob o guarda-chuva da Casa Civil, fosse transferido ao Ministério da Economia. 

No auge da crise, Onyx estava em férias nos Estados Unidos. No sábado, após se reunir por uma hora com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, o ministro disse que eles só conversaram sobre a rotina de trabalho e negou que houvesse mudança: “Fica tudo igual, não mudou nada.”

A reviravolta na situação de Onyx causou estranhamento entre os principais aliados do presidente no Congresso, que defendiam sua demissão. No final da semana passada, até mesmo assessores do chefe da Casa Civil consideravam o futuro incerto no governo.

Publicidade

A aproximação com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também é considerada um trunfo para Onyx. Nesta segunda-feira, os dois, que têm um passado de desavenças dentro do DEM, se encontraram pela manhã na residência oficial do presidente da Câmara.

De acordo com um interlocutor do ministro, a conversa serviu para aparararestas e superar questões do passado. No encontro, também foi tratado o futuro do ministro da Educação, Abraham Weintraub, alvo de críticas de Maia, que o chamou de “desastre” e o acusou de “atrapalhar o futuro de muitas gerações.”

Nesta segunda, o presidente Bolsonaro também deu sinais que o ministro da Educação segue no governo, apesar das falhas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e de problemas no Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Weintraub, próximo dos filhos de Bolsonaro, viajou com o presidente para São Paulo para participar do lançamento da pedra fundamental de um colégio militar na capital.

No Twitter, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho "03" do presidente, publicou uma imagem do pai sentado ao lado do ministro durante a viagem.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.