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Após embate com FHC, Dilma prepara agora entrada na campanha de Haddad

Presidente deve desembarcar em SP para gravar mensagem de apoio a seu ex-ministro e candidato do PT à Prefeitura

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Por Redação
Atualização:

Depois de conversar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre os próximos passos da ofensiva eleitoral contra o PSDB, a presidente Dilma Rousseff desembarca nesta quarta-feira, 5, em São Paulo para gravar mensagem de apoio ao candidato do PT à Prefeitura, Fernando Haddad. Dilma vai aparecer nos próximos dias na propaganda de TV do petista como fiadora do ex-ministro da Educação. O plano da presidente é apresentar o candidato como "gestor competente" que serviu ao seu governo e ao de Lula.

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A entrada de Dilma no horário político em São Paulo já estava acertada com o marqueteiro de Haddad, João Santana, mas faltava bater o martelo sobre qual o melhor momento para isso ocorrer. As críticas feitas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a Lula e ao PT em artigo publicado no domingo pelo Estado e a subida de Haddad nas pesquisas - embora ainda em empate técnico, no segundo lugar, com José Serra (PSDB) - animaram Dilma a defender o legado petista na TV.

A presidente também deverá se encontrar nesta quarta com Lula, a fim de traçar a estratégia para outras capitais onde o PT enfrenta dificuldades, como Belo Horizonte, em Minas, e Recife, em Pernambuco.

Dilma falou com Lula várias vezes, por telefone, nos últimos dois dias. Leu para o padrinho político, na segunda-feira, a nota de 19 linhas escrita por ela, em resposta ao artigo de FHC. No texto, o ex-presidente tucano diz que Dilma recebeu uma "herança pesada", fala em "crise moral" e em "busca de hegemonia a peso de ouro alheio" e associa o escândalo do mensalão a Lula e ao PT.

Segundo integrantes do Planalto, Lula e Dilma acreditam que FHC tenta ressuscitar o antipetismo na esteira do mensalão. A presidente avalia que o tucano teria "passado dos limites" ao tentar explorar uma divisão entre ela e Lula e decidiu reagir, rompendo o clima de lua de mel mantido com FHC. Na nota de segunda-feira, ela assinalou que não reconhecer os avanços obtidos pelo País nos últimos dez anos "é uma tentativa menor de reescrever a história".

Sem esconder a contrariedade, a presidente partiu para o confronto e qualificou Lula como "um democrata que não caiu na tentação de uma mudança constitucional que o beneficiasse". A estocada foi para fazer um contraponto entre a atitude de Lula, que não disputou o terceiro mandato, e a emenda constitucional patrocinada por FHC, em 1997, para permitir a sua própria reeleição.

No diagnóstico do governo, FHC age em sintonia com Serra e com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), provável adversário de Dilma na eleição de 2014.

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Apesar de decidir gravar para Haddad, a presidente ainda avalia a conveniência de participar de pelo menos um dos últimos comícios do petista em São Paulo. Por enquanto, essa tarefa caberá a Lula. Dilma está mais propensa a subir no palanque do candidato do PT em Belo Horizonte, Patrus Ananias, que enfrenta o prefeito Marcio Lacerda (PSB), apoiado por Aécio.

O PT está preocupado com Celso Russomanno (PRB), que lidera as pesquisas e vem "roubando" votos de Haddad e de Serra. Russomanno conquistou eleitores do PT na periferia, onde a senadora Marta Suplicy deverá atuar mais.

Até agora, Dilma dizia que não era o caso de gravar mensagem para Haddad, sob o argumento de que não podia melindrar o aliado PMDB, de Gabriel Chalita. Nos bastidores, porém, petistas dizem que Chalita não decolou e não tem qualquer chance de ir para o segundo turno.

Russomanno também é de um partido da base do governo, mas Dilma está certa de que não terá problemas com a legenda por causa da defesa que fará de Haddad.

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