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Após decisão do STF, governo quer lutar pelo controle da CPI

Partidos da base governista querem ocupar a presidência e a relatoria da comissão

Por Agencia Estado
Atualização:

Após decisão do STF pela abertura da CPI do Apagão Aéreo, os partidos da base do governo decidiram lutar pelo controle total da comissão. Para tanto, querem ocupar a presidência e a relatoria da comissão e pretendem restringir as investigações a dois assuntos: o acidente com o avião da Gol, quando morreram 154 pessoas, e o movimento dos controladores aéreos, que causou caos nos aeroportos nos últimos seis meses. Das 24 vagas, 16 são dos partidos governistas. Pela proporcionalidade, os cargos serão do PMDB e do PT. A oposição, ao contrário, animada com a sentença do STF favorável à instalação da CPI, quer ampliar as investigações para infernizar a vida do governo. "Não faremos nenhum acordo com a base do governo, porque não confiamos nela", disse o presidente dos Democratas (ex-PFL), Rodrigo Maia (RJ). "Vamos investigar não só os controladores de vôo, mas as causas do acidente com o avião da Gol, os aparelhos do Cindacta (centro de controle do tráfego aéreo), a Infraero e a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil)", afirmou Maia. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) anunciou que vai convocar uma reunião dos líderes para a manhã desta quinta-feira, 26, "para organizar o funcionamento paralelo da Câmara e da CPI". Chinaglia afirmou que, pela proporcionalidade, o PMDB terá direito à presidência. Disse que não se surpreendeu com a decisão e está tranqüilo desde o primeiro momento na condução dos trabalhos. "Vou esperar o comunicado do Supremo. A partir da publicação, os líderes terão 48 horas para indicar os integrantes da CPI". Com relação às CPIs na Câmara e no Senado, afirmou que vai cumprir sua obrigação, de instalar a da Câmara. "Não sei se existe possibilidade política e regimental de transformar tudo numa só CPI". Chinaglia lembrou que o Supremo é a mais alta Corte do País. "Decidiu, está decidido". Maioria folgada O líder do governo na Câmara, José Múcio Monteiro (PTB-PE), mostrava-se bem tranqüilo com a maioria folgada que a base terá. "Vamos instalar e acabar logo com isso". Ele afirmou que a base governista quer saber qual é o foco da CPI. "Não vamos esperar que seja um festival de elogios, mas as denúncias precisam ter fundamentação. O grande problema é dar ouvido a denunciantes que só querem luzes. Espero que a CPI não seja palanque". "Nós vamos começar agora a traçar nossa tática", reagiu o presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP). "Vamos nos ater exclusivamente ao foco do fato determinado que está na sentença do Supremo". Berzoini afirmou que é contrário ao funcionamento de duas CPIs, uma no Senado e outra na Câmara. "Imagine se as duas tiverem resultado diferente. Isso vai desmoralizar a CPI, que é um instrumento do Legislativo e não de uma disputa entre o Senado e a Câmara". Recado para a base Para o líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP), a decisão do STF restabeleceu em todos a confiança na democracia e deixou um recado claro para a base governista. "A maioria pode muito mas não pode tudo. A maioria só pode o que a lei permite". Ele disse que se for levada em conta a formação dos blocos, o PSDB quer um dos cargos da direção da CPI, a presidência ou a relatoria. Já o líder do PT, Luiz Sérgio (RJ), disse que agora cabe à Câmara cumprir a decisão do STF. "Vamos à CPI. Não temos medo. Estamos escaldados com essas ameaças da oposição", afirmou. O foco das investigações, segundo ele, deve ser aquele que reflita o interesse da sociedade, ou seja, o caos nos aeroportos, provocado pelo movimento dos controladores de vôo. Dessa investigação os governistas não têm medo. Eles não querem é que seja ampliada para a Infraero e a Anac. No Planalto, a decisão do STF de mandar abrir a CPI foi comentada pelo ministro-chefe das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, por meio de sua assessoria. "Na democracia, decisão do STF não se discute. Cumpre-se. E a Câmara dos Deputados saberá apurar os fatos com competência", disse. (Com Denise Madueño, Eugênia Lopes, João Domingos e Luciana Nunes Leal)

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