Após conflito com tucanos no Rio, PT tenta conter ímpeto de sua militância

Partido informa que papel de 'incendiar' militância foi cumprido

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Por Redação
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BRASÍLIA - Os coordenadores da campanha da petista Dilma Rousseff informaram nesta sexta-feira, 22, que a tarefa de incendiar a militância no segundo turno em busca da conquista de votos dos indecisos e da ocupação das ruas e praças, capitaneada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cumpriu seu papel. Agora, tentam controlar o fogo por acreditar que novos episódios de tumulto, como o do Rio de Janeiro, na quarta-feira, em que objetos foram atirados no adversário tucano José Serra podem tirar votos da candidata.

 

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A ideia é determinar aos comandos das campanhas nos Estados que controlem as tropas de choque. "Nossa orientação é para que todo mundo não abandone as ruas, mas aja na maior calma. Não aceite provocações e também não as faça", disse o secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR), um dos coordenadores da campanha.

 

Já o presidente do PT e coordenador geral da campanha, José Eduardo Dutra, informou ter conversado com os presidentes dos diretórios regionais. Ouviu deles que o clima entre os militantes "é muito bom". Dutra disse que recomendou a todos para que orientem os militantes "a evitar provocações".

 

Dutra disse ainda que a mobilização das tropas de choque petistas vai durar até o dia 31, quando será realizado o segundo turno da eleição. O destaque, segundo ele, é o dia 27, dia do aniversário do presidente Lula, que o PT escolheu como o grande dia da mobilização em favor de Dilma Rousseff.

 

A decisão de pedir calma à militância foi tomada pelos coordenadores da campanha da ex-ministra por causa dos resultados das três últimas rodadas de pesquisas de três institutos - todos com considerável vantagem para Dilma Rousseff. Nem os dirigentes da campanha esperavam estancar a queda da candidata em tão pouco tempo. As pesquisas que a campanha faz diariamente davam um resultado um pouco mais apertado do que o que tem aparecido nas pesquisas realizadas pelos institutos.

 

Na avaliação dos dirigentes da campanha de Dilma Rousseff, a ex-ministra saiu-se bem do episódio do Rio de Janeiro, quando militantes do PSDB e do PT se enfrentaram, e objetos foram jogados na cabeça de José Serra - o que o levou até a se submeter a uma tomografia computadorizada para ver se não havia algo mais sério.

 

A vantagem pró-Dilma ocorreu, na opinião deles, porque Serra "teria participado de uma farsa", semelhante àquela em que se envolveu o goleiro chileno Roberto Rojas, que numa partida pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 1990 simulou ter sido ferido por um foguete atirado das arquibancadas. No entanto, imagens mostram que Serra foi atingido por dois objetos, por uma bolinha de papel e por um rolo de fita crepe.

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Um segundo embate entre partidários das duas campanhas poderia ter efeito negativo entre os eleitores, visto que os petistas poderiam ser qualificados de arruaceiros.

 

Os dirigentes da campanha de Dilma acreditam ainda que conseguiram se livrar da maldição de Erenice Guerra - a ex-ministra da Casa Civil envolvida num escândalo de tráfico de influência no governo em favor do filho Israel -, que na opinião deles tirou votos da petista no primeiro turno. Consideram que deu certo a estratégia de esconder o episódio Erenice e levar o PSDB a explorar a questão do aborto. Isso porque a Igreja Católica mais à esquerda apoia Dilma independentemente desse assunto e os pastores evangélicos saíram em defesa da candidata depois que ela assinou uma carta comprometendo-se a não mexer na legislação do aborto.

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