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Após assassinato de índia, kaiowá fazem reféns na Funai

Tribo pressiona para transferir corpo de índia assassinada para fazenda ocupada

Por Agencia Estado
Atualização:

Os índios guarani-kaiowá fizeram refém nesta segunda-feira o administrador regional da Fundação Nacional do Índio, Gildo Martins, de 46 anos, para forçar uma decisão sobre o sepultamento do corpo a índia Suritê Lopes, de 70 anos. Ela foi assassinada dia 8 de janeiro, dentro da Fazenda Madama, em Mato Grosso do Sul, quando participava, juntamente com 80 kaiowá, da invasão do imóvel, que, segundo os indígenas, ocupa parte da Aldeia Jaquapery. Alegando que a vida dos 800 indígenas que habitam a aldeia ficou desequilibrada depois do crime, os líderes da invasão querem que a anciã seja sepultada dentro da propriedade rural, situada entre os municípios de Amambaí e Coronel Sapucaia, extremo sul do Estado, na divisa com o Paraguai. O conselho da tribo defende que sem esse tradicional procedimento a paz não voltará. O procurador da República em Dourados, Charles Stefan Pessoa, acreditou nos conselheiros e solicitou da Justiça Federal do município autorização para tanto. Foi negada e em seguida ele apelou para o Tribunal Regional Federal, em São Paulo, que também indeferiu o pedido. A decisão foi comunicada aos índios no último sábado, quando resolveram continuar o bloqueio iniciado um dia antes, da rodovia MS-289 que liga Amambaí a Coronel Sapucaia. Nesta segunda, o administrador da Funai em Amambai foi até o local contornar a situação, e foi mantido como refém dos manifestantes, que acrescentaram mais uma exigência para liberar a estrada: a libertação de quatro kaiowá presos, acusados de furtos de máquinas da Fazenda Madama. Charles Pessoa foi para o local do bloqueio tentando contornar a situação, juntamente com o antropólogo do Ministério Público Federal, Marcos Homero. Até o início da noite, não havia notícia sobre as negociações. A Polícia Rodoviária Estadual em Amambai confirmou que o bloqueio continuava inalterado. Segundo informações da Assessoria de Comunicação Social do Ministério Público Federal, não há confirmação sobre suspeitas de que o procurador e o antropólogo também tenham sido feitos reféns dos kaiowá.

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