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Após absolvição, Palocci tenta refazer a imagem

Ex-ministro ainda não admitiu candidatura ao governo de SP, mas já encomendou pesquisa para medir tamanho da popularidade e rejeição

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Foto do author Vera Rosa
Por Vera Rosa e BRASÍLIA
Atualização:

Sem admitir a candidatura ao governo de São Paulo, o deputado e ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci (PT-SP) começou a se movimentar para apagar a imagem de mandante da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. Com o apoio de deputados do PT paulista, Palocci encomendou nova pesquisa - feita com grupos de eleitores das classes C, D e E, em várias cidades do Estado - para medir o tamanho de sua popularidade e também da rejeição, além do desempenho de seus adversários diretos.A sondagem foi feita na segunda semana de agosto, mas antes do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), que no último dia 27 absolveu Palocci da acusação de violar a conta do caseiro. Na sexta-feira, o deputado fez mais um gesto político e conversou, em São Paulo, com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que ainda tem forte influência no PT e atua como articulador político informal do Planalto.Palocci e Dirceu examinaram o cenário eleitoral de 2010. Avaliaram que a disputa pela sucessão do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), será "dificílima" e chegaram à conclusão de que o PT precisa agir rápido se quiser recuperar o terreno perdido para os tucanos.Apesar de ter sido ministro da Fazenda de 2003 a 2006, Palocci ainda é uma incógnita para a maioria do eleitorado. Até o fechamento da pesquisa, poucos dias antes de sua absolvição pelo STF, ele também não conseguira se livrar do carimbo que o marcou: a violação do sigilo de Francenildo.Na prática, tanto Dirceu como o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), e o líder do partido na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), acham que a melhor alternativa para o partido e o governo ainda é o lançamento de Ciro Gomes (PSB-CE) ao Palácio dos Bandeirantes. A diferença é que Dirceu está convencido de que Ciro realmente quer a Presidência. "O que eu não sei é como Ciro vai manter os palanques do PSB com o PT no Ceará, em Pernambuco, no Rio Grande do Norte e na Paraíba", afirma o ex-ministro. "O palanque do Eduardo Campos (governador de Pernambuco e candidato à reeleição pelo PSB), por exemplo, vai ter Dilma e Ciro? É uma equação difícil", emenda ele, numa referência à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à vaga de Luiz Inácio Lula da Silva.Embora conte com o apoio de Lula - que também mira Ciro como primeira opção em São Paulo, para tirá-lo do páreo contra Dilma -, Palocci usa a habitual cautela para tratar do governo paulista. "Por que vamos falar de candidatura agora se nem sabemos quem serão os adversários?", pergunta o ex-ministro da Fazenda ao lembrar o dilema vivido pelo PSDB para a definição do candidato.O levantamento encomendado por Palocci revela que o secretário estadual de Desenvolvimento, Geraldo Alckmin (PSDB), é seu principal adversário em São Paulo. Serra, porém, não está nada disposto a apoiar Alckmin para a disputa.Feita sob medida para captar "impressões" dos eleitores, a pesquisa quantitativa mostrou ainda que Alckmin, apesar de liderar a corrida, não tem marca própria. Já o tucano Aloysio Nunes Ferreira, chefe da Casa Civil do governo paulista, é desconhecido. Amigo de Serra, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), conta com a simpatia dos eleitores.A provável candidatura de Palocci enfrenta resistências na seara petista. Mesmo tendo sido presidente do PT de São Paulo, o ex-ministro sempre foi considerado "conservador". A ex-prefeita Marta Suplicy apoia Palocci - seu amigo de longa data -, mas o ministro da Educação, Fernando Haddad, também está de olho no lugar de Serra. Uma briga para tucano nenhum botar defeito.

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