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Após 6 meses, auditoria sobre Pasadena não chega a nenhuma conclusão

Ao ser questionada por conselheiro sobre ações após delação de Costa, estatal diz que apuração interna segue em curso

Por Antonio Pita
Atualização:
A investigação sobre Pasadena teve início em 24 de março Foto: Divulgação

Atualizada às 21h20

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Após seis meses de trabalhos e pelo menos dois adiamentos, a auditoria interna da Petrobrás sobre a compra da refinaria de Pasadena (EUA) não chegou a qualquer conclusão sobre irregularidades do negócio. A demora foi criticada por conselheiros da empresa na última reunião do Conselho de Administração, quando o conteúdo da delação do ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, foi discutido.

Em seu depoimento a autoridades judiciais, Costa revelou operar um esquema para pagamento de comissões a partidos e políticos aliados do governo federal. Na quarta-feira, ao ir à CPI Mista da Petrobrás no Congresso, o ex-diretor manteve-se em silêncio.

A delação de Costa entrou na pauta do colegiado no dia 12 a pedido de um conselheiro minoritário, que questionou a atuação da Petrobrás frente à cobrança de propina das empresas fornecedoras. Em resposta, a companhia se limitou a informar que tem colaborado com as investigações oficiais e segue com as apurações internas. 

A investigação sobre Pasadena teve início em 24 de março. À época, a auditoria foi aberta após a presidente da estatal, Graça Foster, dizer que desconhecia a existência de um comitê de proprietários na refinaria. Segundo a executiva, Costa representava a Petrobrás no órgão com poderes acima do conselho de administração. 

O prazo previsto para conclusão das apurações era de 45 dias, mas a estatal prorrogou a auditoria pelo menos duas vezes - em maio e em junho. Os adiamentos foram autorizados pela própria Graça Foster sob a alegação de que era necessário ouvir mais testemunhas. Procurada durante toda a semana, a Petrobrás não comentou a demora nas auditorias. 

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‘Complicado’. Em junho, ao justificar um novo adiamento da auditoria sobre Pasadena, Graça disse que a estatal “não investiga”. “A Petrobrás não é polícia. A gente ouve as pessoas, vê os contratos, faz relatórios e tem obrigação de entregar aos órgãos de controle. Pasadena está em curso ainda, é complicado”, disse ao Estado

No mês anterior, conselheiros e direção da empresa já haviam divergido sobre as auditorias. O presidente do conselho, o ministro Guido Mantega (Fazenda), decidiu alterar a composição do Comitê de Auditoria, órgão de auxílio ao colegiado que ajuda no controle interno dos processos e finanças da empresa. Na ocasião, dois conselheiros independentes foram substituídos por integrantes ligados ao governo, como a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. 

Refinarias. Também não há conclusão sobre os contratos das obras do Comperj, no Rio de Janeiro, e da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, dois projetos tocados por Costa. As auditorias foram abertas em abril. O ex-diretor disse que as empresas contratadas para as obras pagaram comissão de 3% a políticos da base aliada do governo, como PT, PMDB e PP, além de governadores dos Estados beneficiados pelas obras da Petrobrás.

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