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Após 11 anos, vítimas ainda esperam por indenizações

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Por Talita Figueiredo
Atualização:

O ex-deputado Sérgio Naya morreu dois dias antes que a queda do edifício Palace 2, que deixou oito mortos e mais de 2 mil desabrigados, completasse 11 anos. Naya era dono da construtora Sersan, responsável por erguer o Palace 2, um edifício de classe média na Barra da Tijuca, na zona oeste carioca. O ex-deputado foi denunciado pelo Mistério Público Estadual por desabamento doloso (com intenção), mas não foi condenado. Um laudo pericial mostrou que houve erro de cálculo no projeto do prédio, portanto não poderia haver dolo. Naya, no entanto, foi condenado na esfera civil a pagar indenização a todas as famílias. Durante o processo, ele chegou a passar 137 dias na prisão em duas ocasiões diferentes. Era domingo de carnaval quando moradores ouviram um estrondo no prédio. Constataram que havia rachaduras em um dos pilares, chamaram a Defesa Civil e o Palace 2 foi interditado. Pouco depois, parte do prédio, que ainda estava sendo esvaziado, ruiu, matando oito pessoas. Quatro dias depois, outra coluna também desabou. No dia 28 de fevereiro a prefeitura implodiu o edifício. O prédio, que ficou pronto em 1996, nunca recebeu o habite-se da prefeitura por causa das diversas irregularidades na conclusão da obra. Com a implosão do Palace 2, 52 famílias que não tinham para onde ir foram instaladas no Hotel Atlântico Sul, no Recreio (zona oeste). Hoje, pelo menos seis famílias continuam lá. Entre elas o casal de argentinos Osvaldo e Cecília Benevides, que perderam o filho Leonel, de 18 anos. Eles ainda não receberam nenhum centavo de indenização. "Não sei o que dizer sobre a morte dele, não muda em nada, porque meu filho não volta. Não sinto alívio", disse Cecília. O casal não faz parte da Associação de Vítimas do Palace 2, que reúne 120 famílias de vítimas que receberam cerca de 40% do que foi determinado pela Justiça - as indenizações variam de R$ 300 mil a R$ 1 milhão, dependendo de cada caso. Sobre os valores ainda são contabilizadas multas e juros ao longo de todos os anos. "Que coincidência ele morrer tão perto do desabamento do Palace. Pelo menos temos a Justiça divina", disse a advogada Rauliete Barbosa, presidente da associação das vítimas, horas depois de saber da morte de Naya.

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