Apoiadores da Lava Jato fazem carreatas pelo País

Ato em São Paulo teve mais de 200 automóveis, segundo organização; pauta central é a prorrogação da força-tarefa e o fim do 'desmonte'

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Por Redação
Atualização:

Apoiadores da Operação Lava Jato realizaram atos em defesa da continuidade da força-tarefa neste domingo, 6. De acordo com o movimento Vem Pra Rua, um dos responsáveis pela convocação das manifestações, carreatas foram realizadas em 15 Estados do País.

Na maior delas, em São Paulo, a organização confirmou que mais de 200 automóveis estavam participando do ato por volta do meio-dia.

Concentração da carreata em prol da continuidade da Operação Lava Jato em São Paulo, em frente ao estádio do Pacaembu. Foto: Tiago Queiroz/ Estadão

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A pauta da manifestação tem como principal ponto o pedido de prorrogação da força-tarefa. Os manifestantes apontam que a Lava Jato está sofrendo um desmonte, liderado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras. Panfletos com a inscrição “Aras, inimigo da Lava Jato” foram distribuídos durante o ato em São Paulo.

“Em um País que se divide entre apoiar a rachadinha ou o Petrolão, nós escolhemos ficar do lado do Brasil. Somos uma terceira via", afirmou no carro de som do evento em São Paulo um dos manifestantes. 

Panfletos com a inscrição 'Aras, inimigo da Lava Jato!' foram distribuídos durante o ato em São Paulo. Foto: Tiago Queiroz/ Estadão

Em Brasília, a carreata terminou em frente à Procuradoria-Geral da República, com um buzinaço e pedidos pela prorrogação da operação.

O Vem Pra Rua também realizou uma transmissão ao vivo para acompanhar as carreatas por diversas cidades. Nomes como o ex-ministro Sérgio Moro, o jurista Modesto Carvalhosa e o fundador do Instituto Não Aceito Corrupção, Roberto Livianu, gravaram vídeos para o movimento que foram exibidos durante a transmissão.

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, em vídeo exibido durante a transmissão ao vivo do movimento 'Vem Pra Rua'. Foto: Reprodução

As manifestações foram convocadas após a saída do procurador Deltan Dallagnol, líder da força-tarefa em Curitiba há seis anos. Deltan declarou, no dia 1.º, ter deixado o comando da operação por questões familiares, para acompanhar a filha de um ano e dez meses em uma série de exames e tratamentos.

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Deltan vinha sofrendo desgaste em meio ao embate entre Augusto Aras e o grupo de procuradores de Curitiba, criado em 2014. Desde maio, após a saída de Sérgio Moro, o ex-juiz da Lava Jato, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Aras tenta acessar o banco de dados da operação, que contém informações sigilosas sobre os investigados.

Carreata contra o desmonte da Lava Jato em São Paulo. Foto: Tiago Queiroz/ Estadão

O PGR foi ao Supremo Tribunal Federal (STF), após as três forças-tarefa - Curitiba, Rio e São Paulo - resistirem a abrir dados indiscriminadamente. As investidas foram freadas temporariamente pelo relator da Lava Jato no Supremo, ministro Edson Fachin.

Até o fim desta semana, Aras deve definir se prorroga a designação dos 13 membros da Lava Jato, quais permanecerão e por quanto tempo atuarão ainda com exclusividade para os processos do caso - mais de uma centena. Em sete anos, são mais de R$ 4 bilhões recuperados nas mais de 100 ações penais e 30 processos cíveis, contra 532 réus, 630 acordos de cooperação internacional, mais de 200 acordos de delação premiada. Há processos ainda abertos e cerca de 400 outras investigações, que podem gerar denúncias.

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Em pedido de prorrogação por mais um ano da força-tarefa, enviado ao PGR no último mês, os procuradores de Curitiba afirmam que, "sem dúvidas, falta muito a analisar e a fazer, dada a dimensão e complexidade dos casos e do volume de dados obtidos".

Além da saída de Deltan, também na semana passada, sete procuradores que integram a força-tarefa da Lava Jato em São Paulo assinaram ofício a Aras solicitando desligamento dos trabalhos na operação até o final deste mês. Os procuradores argumentam "incompatibilidades insolúveis com a atuação da procuradora natural dos feitos da referida força-tarefa, Viviane de Oliveira Martinez".

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