PUBLICIDADE

Apetite do PT e Dirceu por cargos irritou base, diz Pereira

Silvinho disse que gerenciava o Sistema Geral de Indicações, com a missão de fazer triagem das indicações políticas para os cargos de livre provimento do governo

Por Agencia Estado
Atualização:

Em depoimento que durou mais de nove horas e entrou pela madrugada desta sexta-feira, o ex-secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, o Silvinho, informou ao Ministério Público Federal que o apetite do seu partido e do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) por cargos gerou insatisfações na base aliada, que passou a promover retaliações ao governo no Congresso. Silvinho disse aos procuradores da República, conforme nota do Ministério Público, que gerenciava o Sistema Geral de Indicações (SGI), com a missão de fazer triagem das indicações políticas para os cargos de livre provimento do governo. A decisão final, conforme destacou, cabia a instâncias superiores e, nessa partilha, prevaleceram a hegemonia do PT e a força de Dirceu, cujo mandato foi cassado por conta das investigações do mensalão. Em retaliação, conforme revelou Silvinho, os partidos aliados passaram a votar no Congresso contra matérias de interesse do governo, estabelecendo-se, na visão do Ministério Público, uma relação de chantagem entre o Palácio do Planalto e a base aliada. Este sistema coordenado por Silvinho, conforme a nota do Ministério Público, era responsável por gerar um cadastro de cargos de livre provimento na administração pública federal e das pessoas indicadas pelos partidos da base aliada para ocupá-los. As indicações vinham do PL, PSB, PP, PPS, PTB, PcdoB e PMDB. As indicações, segundo revelou Silvinho, eram encaminhadas à Casa Civil e, em alguns casos, ao chefe de gabinete dos respectivos ministros, que decidiam sobre a nomeação dos indicados. O ex-dirigente rebateu a acusação de que tenha feito favorecimento a empresas investigadas por suspeitas de negócios irregulares com os Correios, entre as quais a Novadata, a HHP e a Ski Master. Ele negou responsabilidade pela indicação do ex-diretor de Tecnologia dos Correios, Eduardo Medeiros e informou que o nome partiu de um grupo de servidores da própria estatal ligado ao PT. O advogado Iberê Bandeira de Mello disse, à saída, que os depoimentos de Silvinho ao Ministério Público e à Polícia Federal, horas antes, reforçaram a defesa. Ele classificou de "palhaçada" a atuação de alguns senadores durante o depoimento dado à CPI dos Bingos, mas não especificou os nomes dos "palhaços".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.