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Apesar de queda nas bolsas, bancos ainda recomendam Brasil

Para analistas, crescimento interno, reservas e alta das commodities beneficiam país.

Por Denize Bacoccina
Atualização:

Apesar do aprofundamento da crise financeira nos Estados Unidos durante o último fim de semana, bancos estrangeiros continuam recomendando o investimento no Brasil e em outros países da América Latina. A região está sendo beneficiada, segundo analistas, pelo aumento do preço das commodities, tanto agrícolas como minerais, que mantém o crescimento da economia. No caso do Brasil, ainda existe o benefício adicional do grande volume de reservas e do discurso do governo brasileiro a favor do pagamento da dívida. "A situação está muito tranqüila para a América Latina e, em especial, para o Brasil", diz o economista-chefe do WestLB no Brasil, Roberto Padovani. "No Brasil, além das commodities, o elevado nível das reservas torna o país mais atraente aos olhos dos investidores." O economista-chefe do ABN-Amro, Alexandre Schwartsman, diz que a avaliação de risco piorou, mas afirma que o Brasil está bem posicionado também pelo crescimento do mercado doméstico. Nervosismo O nervosismo no mercado financeiro americano afetou a bolsa brasileira, que chegou a cair mais de 4% nesta segunda-feira, mas Schwartsman diz que o Brasil está em uma situação melhor do que a média dos emergentes. O risco-país dos emergentes como um todo aumentou 17 pontos, para 328, enquanto o risco-país do Brasil subiu 16 pontos, para 305. "O Brasil está bem, mesmo com a piora geral", afirma o economista do ABN-Amro, que continua recomendando a compra de ativos brasileiros. "Os investidores estão atentos à queda das bolsas, estão mais cautelosos, mas não o suficiente para mudar o cenário de médio prazo", diz Padovani. Ele lembra ainda que, apesar da queda da bolsa e da alta do dólar, o real continuou valorizado e vale hoje mais do que valia no fim do ano passado. "Oásis" O francês BNP-Paribas enviou uma nota aos clientes em que reafirma a confiança na América Latina. "Acreditamos que a América Latina está no 'oásis' do atual ambiente financeiro", diz a nota. "A região vai enfrentar a tempestade com um desempenho melhor do que os outros mercados emergentes." Para o economista-chefe para a América Latina do banco, Rafael de La Fuente, o Brasil está em situação ainda melhor do que a média da região porque as exportações brasileiras não dependem apenas de commodities e, por isso, estão mais protegidas de uma eventual queda nos preços. Mas, por enquanto, ele não vê sinais de que isso vá acontecer. "A crise está concentrada nos países desenvolvidos, que estão colocando recursos para aumentar a liquidez nos mercados, e estes recursos estão justamente sustentando o aumento das commodities", afirma. É por isso que De La Fuente avalia que os países latino-americanos, exportadores de commodities - Peru e Chile, com minérios, Brasil e Argentina, com agrícolas, e Venezuela e Equador, com petróleo - vão passar pela crise em uma situação melhor do que os emergentes asiáticos, que exportam produtos industrializados. Padovani ressalva, no entanto, que este cenário vale para uma recessão suave nos Estados Unidos. "Se houver uma recessão aguda, pode haver uma mudança, mas por enquanto a China continua aquecida, e o movimento na Ásia é favorável aos latino-americanos como um todo", afirma. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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