Apesar de liminar, Lula diz que fará transposição

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Por Clarissa Oliveira
Atualização:

Apenas um dia após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) ter concedido liminar suspendendo uma licitação de obras de transposição do Rio São Francisco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma promessa enfática de que irá tirar o projeto do papel. O presidente aproveitou o lançamento de investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Natal (RN) para dizer que persistirá em levar água ao semi-árido nordestino. Lula lembrou que a transposição é estudada desde 1847, na época de d. Pedro II, mas nunca seguiu adiante. "Eu, que não sou imperador, não sou príncipe, sou apenas um retirante nordestino que virei presidente e que conheço a realidade do Nordeste, vou fazer. E vou fazer porque não tenho duas caras", disse o presidente, que anunciou a liberação de recursos para saneamento e habitação no Rio Grande do Norte, no valor de R$ 649,2 milhões. A verba inclui R$ 225,8 milhões do Orçamento-Geral da União, além de financiamentos federais e contrapartidas dos Estados e municípios. Em meio ao discurso, Lula repetiu em diversas ocasiões que tem buscado não repetir erros do passado, em que grandes investimentos deixaram de se concretizar. Ele insistiu que, quando isso ocorreu, "não foi por maldade" dos governantes, mas pela complexidade dos processos como a apresentação de projetos ou a concessão de licenças. "E a gente descobre que, quando está tudo pronto, o Ministério Público entra com uma ação tentando fazer com que tenha alguma coisa errada", alfinetou. CONGRESSO Ao destacar os investimentos do PAC, Lula agradeceu ao Congresso pela aprovação rápida dos projetos, mas mandou um recado a opositores. "Não adianta um senador dizer ?eu não gosto do Lula?. Se ele não gosta do Lula ele que pegue a tribuna e me xingue o quanto quiser, até cair a língua", provocou, dizendo ser "talvez o único presidente que não tenha falado mal do Congresso nenhuma vez". Lula também afirmou que os investimentos em saneamento vão contra a "cultura" da política brasileira de investir em obras com visibilidade, como viadutos ou pontes. "Nem todo mundo gosta de fazer obra que enterra o dinheiro. É melhor fazer ponte, viaduto, que é uma coisa visível, que você pode pintar todo final de ano." A declaração, porém, gerou desconforto entre os auxiliares da governadora Wilma de Faria (PSB). Uma das principais obras de sua gestão é a Ponte Newton Navarro, em fase de conclusão.

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